O astrofísico Pedro Machado tem agora o seu nome num asteróide

Descoberto há mais de 20 anos, o asteróide passou a chamar-se Pedromachado. Juntou-se ao Peixinho, o apelido de outro astrofísico português, que por sua vez se juntou ao asteróide Portugal.

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O astrofísico Pedro Machado DR
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A União Astronómica Internacional atribuiu a um asteróide o nome de Pedro Machado, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. O asteróide em questão – o 2001 QL160 – fica agora conhecido como (32599) Pedromachado.

Com quase três quilómetros de diâmetro, o asteróide demora quatro anos e meio a completar uma órbita ao Sol. Com a atribuição do seu nome a este asteróide, Pedro Machado é homenageado pelo Grupo de Trabalho para a Nomenclatura de Pequenos Corpos (WGSBN) da União Astronómica Internacional (UAI).

O anúncio decorreu na Conferência de Asteróides, Cometas e Meteoros, entre 18 e 23 de Junho em Flagstaff (no Arizona, Estados Unidos), e foi publicado a 21 de Junho no Boletim do WGSBN, segundo indica um comunicado do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

Pedro Machado é especialista em atmosferas planetárias, tendo, por exemplo, vários trabalhos de investigação sobre a atmosfera de Vénus. Este reconhecimento centra-se, no entanto, nos seus contributos noutro domínio de estudo do nosso sistema solar, como se realça no comunicado do instituto português: a detecção e caracterização de asteróides e outros objectos que se encontram para além da órbita de Neptuno, chamados “objectos transneptunianos”.

“Fiquei muito surpreendido e feliz, obviamente”, reage Pedro Machado ao PÚBLICO. “Um grupo de colegas internacionais – do Brasil, Itália, França, Estados Unidos e Espanha, que me conhecem e com quem fiz observações ou estudos destes pequenos corpos do sistema solar – fizeram a proposta à UAI [para o nome do asteróide]”, conta o astrofísico português.

“Fizeram a proposta, mas resolveram não me dizer nada. Só depois da proposta ter sido aceite é que me telefonaram da UAI: ‘Para lhe dar a notícia de que o seu nome brilha no céu agora’”, recorda Pedro Machado. “E depois começaram a chover telefonemas dos meus colegas: ‘Afinal, a nossa proposta foi aceite’. Foi um acto de amor de colegas com quem tenho feito muitas observações em Portugal, França e até em Cabo Verde”, considera o investigador.

“Em alguns casos, este trabalho cruza o estudo das atmosferas, pois envolve o estudo das regiões de transição entre a atmosfera e o espaço exterior – as ‘chamadas exosferas’ –, nas quais são perdidas partículas para o espaço”, explica-se ainda no comunicado.

Imagens do asteróide Pedromachado não existem; apenas a sua descrição científica. Isto porque foi descoberto através da técnica de ocultações estelares. Estes corpos são muito escuros, por isso são muito difíceis de detectar e é pela técnica de ocultações estelares que se localizam. “Quando estes corpos passam em frente a uma estrela, diminui o fluxo luminoso da estrela. É a técnica de base que utilizamos”, explica Pedro Machado, dizendo que se descortina assim a forma, a densidade ou o tamanho destes objectos.

Por sua vez, no Boletim do WGSBN pode ler-se que Pedro Machado “estuda as atmosferas de Vénus e Marte, observa ocultações de estrelas por asteróides e é autor de livros de poesia e fotografia etnográfica”. Sobre esta outra sua faceta, Pedro Machado apenas nos diz: “Este é o meu lado B. Não costumo misturar o meu lado B com o meu lado profissional.”

Um clube português de asteróides

O asteróide que ostenta agora o nome de Pedro Machado foi descoberto a 23 de Agosto de 2001 no Observatório de Anderson Mesa, criado pelo Observatório Lowell a alguns quilómetros de Flagstaff. Mais de 20 anos após a detecção, o objecto que orbita na cintura de asteróides, entre Marte e Júpiter, recebe agora um nome definitivo, ao ter a sua órbita finalmente prevista com alguma precisão.

Um intervalo de tempo semelhante entre a descoberta e o baptismo definitivo ocorreu com outro asteróide que também exibe o nome de outro astrofísico português, por sinal igualmente do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, do pólo de Coimbra – Nuno Peixinho.

Este astrofísico tem-se dedicado à investigação objectos da cintura de Kuiper (localizada para lá de Neptuno) e, entre outros, de planetas noutros sistemas solares.

Em Junho de 2021, o asteróide antes designado (40210) 1998 SL56, e que tinha sido descoberto em Setembro de 1998, passou a ostentar o nome (40210) Peixinho. Também na cintura de asteróides entre Marte e Júpiter, o Peixinho cintura tem cerca de dez quilómetros de diâmetro.

Se levarmos mais longe as homenagens em asteróides relativas a Portugal, então há que mencionar outro objecto que anda na cintura de asteróides entre Marte e Júpiter. Tem mesmo o nome do país. O asteróide Portugal, ou asteróide 3933, foi descoberto em 1986 num dos telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile. O nome oficial foi-lhe atribuído em 1990 como uma homenagem a Portugal pelo acordo de pré-adesão ao ESO, uma organização intergovernamental de investigação astronómica, com sede na Alemanha e grandes telescópios no Chile.

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