É por esta altura do ano que o hemisfério norte está exposto a uma maior quantidade de radiação e a intensidade dos raios ultravioleta (UV) atingem níveis máximos. Quando assim é, há que proteger a pele, de preferência com um protector solar 50+, assim como usar roupas adequadas, recomendam os especialistas.
Durante esta semana, a previsão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), é que o índice da radiação solar ultravioleta (UV) irá variar entre o nível moderado e extremo. Ao PÚBLICO, a meteorologista Paula Leitão, do IPMA, explica que a radiação UV varia consoante a capacidade de absorção da camada de ozono e das nuvens, cujas características (a altitude e a espessura das nuves) são "determinantes".
Depois de nesta terça-feira os valores do índice UV variarem entre o nível muito alto e extremo (10 e 11 — a escala é de 2 a 11), na quarta-feira a intensidade diminuirá no Norte e Centro para moderado a alto (6 a 8). No dia seguinte, os valores serão “uniformes” pelo país e fixados entre os níveis alto e muito alto (9 e 10).
“Estamos no princípio de Julho e os valores de radiação UV são elevados. Na quinta-feira teremos nuvens altas, que não serão espessas o suficiente para absorver a radiação”, prevê Paula Leitão.
Quanto ao fim-de-semana, a “chuva fraca e temporária” prevista para o litoral Norte e Centro, nomeadamente para a região do Minho, da serra de Sintra e do Montejunto, durante a madrugada e manhã de sábado, não vai alterar as temperaturas.
“Nos próximos dias vamos verificar oscilações muito pequenas, o que significa que Lisboa vai manter os 27º C de [temperatura] máxima. O Porto [que nesta terça-feira registou 23º C de temperatura máxima] vai variar para os 24º C. No Alentejo, ainda que a temperatura desça ligeiramente até sexta-feira, no fim-de-semana as máximas vão variar entre os 33º C e os 34º C”, enumera a meteorologista.
Paula Leitão aproveita ainda para lembrar que a sensação de calor é diferente da radiação solar, factor responsável pela “formação de queimaduras na pele, cancro da pele, cataratas e outros efeitos na saúde humana”, como se pode ler no site do IPMA.
Por isso, as horas de maior exposição à radiação UV, entre as 11h e as 17h, quando “o sol está mais alto e as sombras são mais curtas”, obrigam à procura de lugares frescos, à utilização de protector solar, óculos de sol e de roupa adequada, com mangas compridas, sugere a meteorologista.
“Podemos estar à beira mar, sentir a nortada, mas a radiação ser forte, até porque os raios UV reflectem-se na areia e na água. Não é uma questão de calor ou frio”, sublinha.
Chapéus-de-sol e roupas protectoras
A dermatologista Helena Toda Brito corrobora a meteorologista e deixa algumas recomendações, começando pelo dia-a-dia — uma vez que o protector solar deve ser aplicado, na praia ou na cidade, pois “o sol da cidade é igual ao da praia”, diz ao PÚBLICO. A especialista sugere a aplicação de protector com Factor de Protecção Solar (FPS) 50+ antes de sair à rua — ou seja, a pele estará 50 vezes mais protegida do que se não tivesse protecção nenhuma.
“Devem ser aplicadas dois miligramas de protector solar por cada centímetro quadrado de pele. Uma vez que as pessoas põem uma camada mais fina, e não renovam de duas em duas horas, acho preferível aplicar o FPS 50+”, defende a dermatologista. Além disso, continua, o protector FPS 30 absorve “97% da radiação UV”, e o protector FPS 50+ absorve 98% da radiação. Mais: o protector com FPS 15, que absorve 93% da radiação UV, já não é recomendado, alerta.
Mas, o protector não é a única forma de evitar os raios UV, a especialista recomenda o uso de acessórios com factor de protecção 50+, dos chapéus-de-sol às roupas protectoras, o "ideal" para crianças até aos 3 anos, que devem ser resguardadas da exposição solar directa. “Há pessoas que não gostam do creme ou que vão sozinhas à praia e não conseguem espalhar o protector nas costas. Por isso, estas roupas de tecido fino, técnico e fresco, secam facilmente, são ecológicas e cobrem uma grande parte da superfície corporal”, enumera.
Quanto às pessoas com “pele mais clara e maior risco de queimadura”, devem evitar o “erro comum” de, por exemplo, almoçar em esplanadas. Por fim, a dermatologista lembra que a maioria dos casos de cancro da pele são identificados na zona das pernas e das costas, pelo que o protector solar também deve ser aplicado quando as pessoas estão em espaços exteriores à casa, como o jardim, o quintal ou a varanda.