Victoria Amelina, uma morada no céu

Há um crime de guerra que Victoria Amelina já não vai poder documentar: o que cometeram com ela. Vou dedicar os próximos meses a escrever sobre este crime atroz, em cima da propaganda e da mentira.

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O funeral da escritora Victoria Amelina, esta terça-feira em Kiev Alina Smutko/Reuters
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Até há um par de dias, não fazia a mínima ideia do que era um míssil balístico Iskander. Na realidade, não sei nada de armas, fui declarado refractário ao serviço militar e nunca disparei uma pistola na minha vida. Poderia dizer que sou o cúmulo do pacifista: um cobarde. Mas, como foi um Iskander russo o míssil que matou à minha frente a escritora Victoria Amelina, senti-me na obrigação de averiguar de que tipo de arma se trata. Este brinquedo russo, para começar, custa uns três milhões de dólares, pesa quatro toneladas e meia, pode ser lançado a 500 quilómetros de distância, viaja a velocidades supersónicas (mais de 2000 metros por segundo), e é tal a sua precisão que a sua margem de erro em relação ao alvo não supera os cinco metros, em média. E, sim, esta arma de extrema precisão rebentou a dez metros de nós.

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