Regulador conclui que opinião de Jeremy Clarkson sobre Meghan foi “sexista”

O texto, que originou um recorde de queixas ao regulador dos media britânicos, foi acusado de promover um “clima inaceitável de ódio e violência”.

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Jeremy Clarkson, de bicicleta, no dia em que se soube da suspensão do programa Top Gear, em 2015 Reuters/TOBY MELVILLE/arquivo
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A entidade reguladora para a comunicação social britânica (Independent Press Standards Organisation— IPSO) concluiu que um texto de Jeremy Clarkson no The Sun sobre a duquesa de Sussex, Meghan Markle, foi “sexista”.

O veredicto é conhecido mais de meio ano depois de Clarkson ter descrito o “ódio visceral” que sente pela mulher de Harry: “À noite, quando me deito, sou incapaz de dormir, rangendo os dentes e sonhando com o dia em que ela é obrigada a desfilar nua pelas ruas de todas as cidades da Grã-Bretanha enquanto a multidão grita ‘Vergonha!’ e lhe atira pedaços de excrementos.”

Na altura, o artigo suscitou milhares de queixas à entidade reguladora, tendo atingido o recorde de mais de 25 mil registos, e mais de seis dezenas de deputados, de todas as facções políticas, uniram-se numa carta dirigida à direcção do Sun, exigindo um pedido de desculpas e que fossem tomadas medidas em relação ao colunista. Na carta lembravam que Meghan Markle recebeu ameaças à sua vida e que colunas como a de Clarkson contribuíam para um “clima inaceitável de ódio e violência”.

O jornal britânico viria a apresentar um pedido de desculpas pela decisão de publicar o artigo, anunciando a sua decisão de eliminar o texto do seu site e também do seu arquivo. Já o cáustico e popular apresentador do programa Top Gear da BBC — do qual foi dispensado, em 2015, por comportamento errático — disse ter enviado um pedido de desculpas, na manhã do Dia de Natal, ou seja, quase uma semana depois da publicação do polémico artigo, admitindo que “a linguagem utilizada (…) foi vergonhosa”.

O duque e a duquesa de Sussex rejeitaram as desculpas de Clarkson e do The Sun e um porta-voz do casal acusou o jornal de explorar “o ódio, a violência e a misoginia”, e lucrar com isso. “Um verdadeiro pedido de desculpas seria uma mudança na sua cobertura e nos padrões éticos para todos”, afirmou.

Posteriormente, numa entrevista à ITV, Harry disse que os comentários de Clarkson tinham sido “horríveis e dolorosos”, alertando ainda para o facto de encorajarem as pessoas à volta do mundo a acharem que é aceitável “tratar uma mulher daquela maneira”.

Agora, a IPSO concluiu que as imagens descritas no artigo eram “humilhantes e degradantes para a duquesa”, como especificou o presidente da organização, Edward Faulks.

Outras queixas, nomeadamente de imprecisão, de assediar a duquesa ou de incluir referências discriminatórias com base na raça, não foram tidas em conta pela IPSO.

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