Quem é António, o santo casamenteiro?
Apesar de ser conhecido como o santo padroeiro de Lisboa, é o discreto Vicente o santo principal da cidade das sete colinas.
Há quem acredite que é o padroeiro de Lisboa porque é feriado na cidade, mas não, Santo António celebra-se todos os anos, no dia em que morreu, a 13 de Junho de 1231, e a capital veste-se de festa. O padroeiro da cidade é São Vicente.
António — cujo nome de baptismo é Fernando Martins de Bulhões — nasceu por volta de 1195, em Lisboa, e morreu em Itália, em Pádua. Aliás, o santo é também apelidado com o nome desta cidade, havendo alguma rivalidade entre Lisboa e Pádua.
O padroeiro da cidade é Vicente, um santo de origem espanhola, que se comemora a 22 de Janeiro. Mártir do século IV, conta a lenda que quando D. Afonso Henriques ordenou que as relíquias do santo fossem trazidas de perto de Sagres para Lisboa, dois corvos velaram o barco em que vinha — daí o símbolo da cidade ser uma barca com um corvo em cada ponta.
É a zona da Sé de Lisboa que une as vidas dos dois santos. É naquele santuário, que é a sede do Patriarcado de Lisboa, que as relíquias de Vicente se encontram. Já António nasceu a poucos metros dali, no sítio onde se ergue a igreja a ele dedicada.
A Igreja de Santo António data de 1767 e foi construída no local onde existia uma capela desde o século XV. Além da imagem do santo patrono, que, diz o site da paróquia, foi poupada pelo terramoto de 1755, é possível ver a cripta feita no lugar do nascimento do pregador franciscano, onde está uma relíquia.
É em Pádua que o santo de origem portuguesa está sepultado, numa basílica construída para o efeito. Na história da Igreja Católica, António foi o mais rápido a ser canonizado, não se tendo completado um ano da sua morte. A canonização deu-se a 30 de Maio de 1232 e tornou-se um santo popular não só em Itália, mas também em Portugal e, por arrasto, no Brasil.
Embora fosse um pregador, um profundo conhecedor dos Evangelhos e um dos doutores da Igreja, é considerado um santo popular porque a ele foram atribuídos muitos milagres e, ainda hoje, a crença se mantém. É a Santo António que as raparigas rezam, na expectativa de encontrar namorado, mas é também a ele que as pessoas recorrem quando perdem algum objecto.
A sua fama de casamenteiro cimentou-se com a tradição começada em 1958, no tempo do Estado Novo, pela autarquia da cidade, os Casamentos de Santo António, que acontecem anualmente, neste dia, na Sé de Lisboa, e a que se candidatam casais com menos possibilidades financeiras e que são apoiados pela câmara da cidade.
Em Lisboa, Santo António chegou a ser celebrado a 15 de Fevereiro, data da transladação do seu corpo, mas esta celebração terminou em 1834, com a extinção das ordens religiosas no país. Já as festas populares, neste mês de Junho, são uma tradição que vem de tempos antigos, para assinalar o solstício de Verão.
Texto editado por Bárbara Wong