A Madeira tem vistas deslumbrantes que se desenham antes ainda de pisarmos terra firme. Já com os dois pés bem assentes no chão, um táxi leva-nos por ruas estreitas até ao Caniçal, onde nos espera um barco. A silhueta da ilha borda-se a partir do Atlântico. Primeiro, vê-se São Lourenço e depois Santa Cruz, onde o sol começa a descobrir. Navega-se lentamente, num ritmo que permite apreciar as casas e as afamadas bananeiras que existem em quase todos os quintais. Entre a imensidão de telhados cor de laranja, há um com uma piscina que salta à vista. “Aquele é o hotel Barceló”, diz-nos a relações públicas Carolina Aguiar, a antecipar uma curiosidade inevitável.
O Barceló Funchal Oldtown, inaugurado no início de Abril, é o único hotel cinco estrelas em pleno centro histórico da cidade. A fachada data do século XVII, mas se não nos dissessem nem desconfiávamos. Foi pensado tanto para os jovens que querem explorar a ilha de mochila às costas como para casais mais velhos que procuram sossego. A menos de um minuto a pé descobre-se a Sé e a cinco está o porto do Funchal. No interior, homenageiam-se as tradições madeirenses.
A entrada é a sala de visitas de uma casa e a decoração mistura contemporâneo e tradicional: o chão de laje relembra as casas de montanha, o azul e verde dos sofás traz o mar para o interior e a escultura de madeira, numa das paredes, combina com o nome da ilha. É um edifício com história, outrora dividido em seis, que já foi fábrica de bordados, barbearia e até loja de sapateiro. Nas escavações feitas nas obras, foram encontrados mais de mil objectos dessas vidas passadas que, em breve, serão acrescentados à decoração.
Cristina Pérez, directora-geral do hotel, conhece bem as entranhas do espaço. Natural de Santiago de Compostela, na Galiza, conta que decidiu trocar Istambul pela ilha onde nunca tinha estado e que, por enquanto, considera uma escolha acertada. Fala do Funchal como se aqui vivesse há anos, identificada com os recantos e encantos, os sítios turísticos e os mais desconhecidos, que promete mostrar. Mas, antes, deixa-nos explorar o hotel.
Na subida para os quartos somos brindados com um jardim vertical que só termina no quinto andar. Nos corredores de alcatifa azul, parece que pisamos o oceano e, em ligeiras oscilações, recria-se a ondulação do mar. A decoração foi pensada ao pormenor, mas os quartos, com as cabeceiras inspiradas no bordado da Madeira, e as cadeiras de vime, são o ex-líbris do hotel.
Apostar no que é local
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