E se as Europeias fossem na próxima semana? Maioria dos portugueses ia às urnas
A cerca de um ano das eleições para o Parlamento Europeu, a maioria dos portugueses diz reconhecer o impacto da UE na sua vida. No entanto, valorizam mais as eleições nacionais que as europeias.
Falta um ano para as eleições europeias mas, se fossem agora, a maioria dos portugueses iria votar. O último inquérito Eurobarómetro do Parlamento Europeu, divulgado esta terça-feira, apresenta um país com interesse em votar (apesar de darem mais importância às eleições nacionais) e satisfeito com o funcionamento da democracia, mas sem esperança no que toca à melhoria da situação económica no próximo ano e descontente com o combate à corrupção e com as medidas aplicadas contra a inflação.
Segundo o Parlamento Europeu, 62% dos 1002 portugueses inquiridos entre 4 e 21 de Março para esta consulta diz que, se as eleições decorressem na próxima semana, seria provável deslocarem-se às urnas para exercer aquele que é o seu direito e dever, e os mais interessados em fazê-lo têm entre 40 e 54 anos. Apesar disto, apenas 46% dos portugueses dão muita importância a este acto eleitoral, sendo que consideram mais relevante votar nas eleições nacionais (68%). Esta opinião é partilhada principalmente pelas pessoas com maiores dificuldades financeiras.
Já os que não iriam votar nas europeias esclarecem que as principais razões são o facto de não acreditaram em política no geral (36%), não acreditarem que algo irá mudar com o seu voto (34%), o desinteresse e o desconhecimento do papel do Parlamento Europeu (ambos com 31%). Segundo o Parlamento Europeu, apenas 14% dos portugueses argumenta que não vota por estar de férias ou fora de casa (valor que poderá aumentar tendo em conta que a eleição em Portugal será a 9 de Junho de 2024, véspera de feriado).
Pobreza, emprego e saúde devem ser prioridade
No entanto, 80% dos portugueses reconhecem o impacto da União Europeia (UE) no seu dia-a-dia (valor que supera a média europeia de 71%) e defendem que o Parlamento Europeu devia tratar como prioridade a luta contra a pobreza e exclusão social (54%), o apoio à economia e criação de emprego (49%) e a saúde pública (45%).
Relativamente à acção da UE na aplicação de medidas específicas, o Eurobarómetro clarifica que 95% dos inquiridos concorda com o apoio que a aliança europeia tem prestado à Ucrânia, opinião equilibrada mesmo entre diferentes alas partidárias e que coloca o país entre os mais satisfeitos de toda a aliança europeia.
Por outro lado, há uma insatisfação com as medidas aplicadas contra a inflação. Os dados indicam que 61% está insatisfeito com a acção da UE para atenuar os efeitos da inflação, valor que sobe para 70% quando falamos da insatisfação face às medidas aplicadas pelo Governo português. Este descontentamento é generalizado, independentemente das dificuldades financeiras sentidas por cada inquirido.
Democracia vai bem, luta contra corrupção não
Com 61% dos inquiridos a assistir a uma diminuição do seu nível de vida com a inflação elevada (e a acreditar que se vai manter assim), mais de metade dos portugueses não tem muitas expectativas relativamente à situação económica do país no próximo ano: 55% dos portugueses prevê que a situação económica vai piorar e apenas 7% acredita no contrário.
Apesar disto, a opinião é clara: os portugueses estão satisfeitos com o funcionamento da democracia, seja a nível nacional (63%), seja a nível da UE (67%). Em ambos os casos, a satisfação portuguesa ultrapassa a média dos países da UE (em 7 e 13 pontos percentuais, respectivamente).
Os aspectos que mais deixam os portugueses satisfeitos no que toca à democracia na aliança europeia são a existência de eleições livres e justas e a liberdade de expressão. No entanto, 67% diz-se insatisfeito com a luta contra a corrupção (sendo que a média da UE é de 60%).