Costa responde a Marcelo: ter um bom SNS também é fazer chegar os bons resultados ao bolso dos portugueses

Primeiro-ministro e líder do PS defendeu as medidas que implementou no último ano e colocou a reforma do SNS e o acesso à água como os próximos desafios estruturais.

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António Costa fixou novos desafios: acesso à água e reforma do SNS Matilde Fieschi
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Três horas depois de o Presidente da República ter voltado a insistir que “as pessoas esperam muito que os grandes números da economia cheguem aos seus bolsos”, veio a resposta de António Costa mesmo no remate da sua intervenção na abertura da reunião da comissão nacional do PS, em Matosinhos.

“Foi a boa gestão das finanças públicas” que permitiu, no último ano, concretizar as ajudas na energia, os apoios às famílias mais carenciadas, honrar o compromisso com reformados, aumentar salários na função pública, apoiar agricultores, ter o IVA zero e “está a permitir dar o passo em frente no novo modelo de contratação e fixação de professores e na reforma do SNS". "Um melhor SNS é também uma forma de fazer chegar os bons resultados da economia à vida do dia-a-dia dos portugueses”, defendeu o secretário-geral do PS e primeiro-ministro perante os dirigentes socialistas.

Mas antes houve ainda outro recado que tanto pode ser dirigido para o Palácio de Belém pelas ameaças de dissolução, como para os partidos da oposição em resposta aos sucessivos pedidos de demissão. "Ainda no ano passado os portugueses resolveram uma grave e efectiva crise política que o Presidente da República os chamou a resolver", pelo que "compete agora aos políticos é respeitarem" o resultado da decisão dos eleitores e não "complicar a vida" da população. "A postura do PS tem sido - e tem que continuar a ser - a de estarmos focados em responder às necessidades dos portugueses, em resolver os problemas e construir um futuro de prosperidade partilhada."

Já depois das declarações de António Costa, Marcelo foi questionado pelos jornalistas mas recusou reagir. "Nunca comento declarações de líderes partidários. O líder do PS falava numa reunião do PS e eu não comento."

Na reunião do PS, numa intervenção onde percorreu as principais medidas do Governo para fazer face à crise provocada pela guerra e inflação, António Costa também prestou contas dos principais desafios a que se propôs no anterior encontro do órgão socialista e deixou já o novo caderno de encargos estruturais para os próximos meses: tratar da gestão do acesso à água e apostar na reforma do SNS.

No primeiro caso é preciso adoptar medidas de gestão da água e de apoio aos produtores, criar e implementar os planos de eficiência hídrica de várias regiões críticas do país, como o Algarve, Alentejo, Beira Interior e Trás-os-Montes, construir as dessalinizadoras do Algarve e do Alentejo e mais algumas barragens e acelerar o programa de regadio.

No segundo, é necessário fazer a "evolução para o regime de dedicação plena" nos cuidados de saúde primários e nos cuidados hospitalares, "alargar a todas as unidades de saúde familiar o modelo de gestão tipo B, associando a valorização de carreiras e vencimentos aos ganhos de saúde e aumento dos cuidados de saúde prestados na respectiva unidade", e "avançar na criação dos centros de responsabilidade integrada" nas urgências.

Antes, salientara que estão já em marcha outras medidas estratégicas com que o Governo se comprometera: a Agenda para o Trabalho Digno (em vigor desde 1 de Maio); o programa Mais Habitação (o apoio às rendas e os juros bonificados estão em vigor; o Parlamento está a tratar dos licenciamentos e benefícios para a disponibilização de imóveis); a progressão de professores assim como os novos modelos de vinculação e de fixação às escolas.

"Tem sido um ano bastante intenso", realçou. Lembrou o acordo de concertação social, os dois orçamentos que este Governo aprovou, a descentralização (e o recente quadro de competências das CCDR com os serviços do Estado ligados ao desenvolvimento regional), as "medidas estruturais de aumento de salários", a contenção dos preços da energia, os apoios aos produtores e às famílias mais vulneráveis e os aumentos de pensões.

"Fica claro que falámos verdade", disse Costa numa alusão às acusações do PSD sobre o mecanismo que o Governo usou da meia pensão antecipada e uma parte do aumento em Janeiro. Que acaba por ser corrigido com o aumento intercalar de Julho (aprovado só depois de o executivo garantir que tinha almofada financeira para isso) que permitirá, esse sim, fazer com que as pensões fiquem no valor do aumento definido por lei. "Quem estava enganado era quem dizia que estávamos a enganar os pensionistas."

O líder socialista juntou ainda os números da execução do PRR e a reprogramação entregue em Bruxelas há dias para cobrir o aumento dos custos devido à inflação e que conseguirá mais 450 milhões de euros para requalificar escolas básicas e 79 milhões para apoiar a descentralização dos cuidados de saúde primários.

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