Lisboa acolhe em Junho exposição inédita dedicada à arte de rua

Em exibição vão estar obras de 18 artistas, com destaque para a fotógrafa Martha Cooper.

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Graffiti vai fazer parte da exposição em Lisboa que celebra a arte de rua Nuno Ferreira Santos
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A Cordoaria Nacional, em Lisboa, vai acolher este ano uma exposição que celebra a arte de rua, do graffiti à arte urbana, com obras criadas para aquele local por 18 artistas portugueses e estrangeiros, foi anunciado nesta segunda-feira.

Shepard Fairey, André Saraiva, Vhils, Felipe Pantone, Jason Revok, Add Fuel, Wasted Rita, Tamara Alves e Nuno Viegas são alguns dos 18 artistas da exposição "Urban [R]Evolution", que estará patente entre 21 de Junho e 03 de Dezembro, anunciou a organização, que junta a plataforma Underdogs e a promotora Everything is New. O anúncio foi feito em conferência de imprensa, na Galeria Underdogs, em Lisboa.

Os artistas irão criar as obras in situ, para dar ao visitante "uma experiência imersiva" no trabalho de cada artista, explicou Pauline Foessel, co-fundadora da Underdogs e cocuradora da exposição.

A "espinha dorsal" da mostra será o trabalho da fotógrafa norte-americana Martha Cooper. As imagens, captadas desde a década de 1970 em Nova Iorque, serão "a chave para entender a evolução do movimento no mundo inteiro", disse a curadora.

Do imenso arquivo de "uma das fotógrafas mais reconhecidas" na área foram escolhidas fotografias do início, "dos writers [de graffiti], mas também de street art (arte urbana, em português) com Shepard Fairey, Add Fuel ou Vhils".

Do arquivo de Martha Cooper foram também escolhidas para expor em "Urban [R]Evolution" "fotografias sobre "breakdancing" na rua e sobre música", abarcando assim todas as vertentes da cultura "hip-hop", "rap", "graffiti", "breakdance" e "djing".

Além de a fotografia ser importante "para as pessoas entenderem a essência do movimento". A curadora recordou, em declarações à Lusa à margem da conferência de imprensa, a importância da "ideia de que a fotografia foi o que fez do movimento um movimento internacional".

"No início da disseminação da internet [final da década de 1990/início de 2000] muitos artistas iam aos blogues para ver o que se fazia em Londres ou em Nova Iorque", disse.

Na altura, as viagens eram bastante mais caras do que hoje em dia e, de outra maneira, muitos não teriam acesso ao trabalho de writers noutros países.

A história contada através das fotografias de Martha Cooper irá sendo "intercalada" pelo trabalho dos outros 17 artistas que fazem parte da exposição.

Pauline Foessel, que partilha a curadoria com Pedro Alonzo, que já trabalhou com artistas como JR ou Os Gémeos, contou que no espaço haverá 17 divisões, onde os artistas irão intervir.

"A nossa vontade era dar ao visitante um outro olhar sobre a Arte Urbana, porque normalmente vemos na parede, estamos à frente da obra, e agora criamos um mundo. É basicamente entrar no mundo do artista", disse.

Entre os 17 artistas escolhidos "é quase incrível ter tantos estilos e materiais utilizados: com AkaCorleone vai ser plexiglass, com Shepard Fairey paste up, vamos ter mesmo graffiti, vamos ter uma instalação do Pantone com escultura e o mundo digital". "Temos mesmo coisas super diferentes", salientou.

Além de Martha Cooper, Shepard Fairey, André Saraiva, Vhils, Felipe Pantone, Jason Revok, Add Fuel, Wasted Rita, Tamara Alves, Nuno Viegas e AkaCorleone, a exposição conta com a participação de ±MaisMenos±, Barry McGee, Futura, Lee Quiñones, Maya Hayuk, Obey SKTR e Swoon.

E porque se trata de um género artístico que nasceu na rua, "Urban [R]Evolution" irá incluir também obras "fora de portas".

"Vamos ter três peças fora. Estamos a construir uma estrutura a sair um pouco da Cordoaria Nacional, que vai ligar interior e exterior com duas instalações do Add Fuel e do Shepard Fairey. E depois vamos ter uma parede, mais em setembro, cujo artista não posso revelar, na Rua das Janelas Verdes", adiantou a curadora.

E porque na Arte Urbana "há a ideia de efemeridade", no fim da exposição vai desaparecer tudo.

O director da Everything is New, Álvaro Covões, falou na importância de levar a espaços culturais, como a Cordoaria, quem habitualmente não os frequenta.

Responsável pelo festival Alive e uma série de concertos, como recentemente os dos Coldplay em Coimbra ou os de Chico Buarque no Porto e em Lisboa, a Everything is New já esteve envolvida na organização de exposições como a de Joana Vasconcelos, no Palácio Nacional da Ajuda, e de Ai Wei Wei, na Cordoaria Nacional.

Sobre "Urban [R]Evolution", o promotor disse que "pretende ser uma grande mostra da grande revolução que chegou ao mundo da Arte" e espera que "contribua para aumentar os hábitos culturais dos portugueses".

Esta exposição, produzida apenas com investimento privado, irá viver da bilheteira, e os bilhetes já estão à venda "nos locais habituais".

"Urban [R]Evolution" estará aberta todos os dias, de 21 de Junho a 03 de Dezembro, entre as 10:30 e as 19:30, havendo preços diferenciados durante os dias de semana e de fim-de-semana.

O bilhete base, para um adulto, custa 13 euros durante a semana e 15 euros ao fim-de-semana. Há descontos para crianças, estudantes, seniores, pessoas com mobilidade condicionada e há também bilhetes família.