Governo inicia projecto para retirar pressão das urgências

A iniciativa “Ligue SNS24, Salve Vidas”, que arranca na área da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, vai colocar a Linha SNS24 como o ponto central de acesso aos cuidados de saúde.

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Projecto-piloto pretende retirar pressão das urgências hospitalares Nuno Ferreira Santos
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A direcção executiva deu nesta quarta-feira o primeiro passo de um projecto-piloto que visa reduzir a procura excessiva aos serviços de urgência. A iniciativa "Ligue SNS24, Salve Vidas", que arranca na área da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, vai colocar a Linha SNS24 como o ponto central de acesso aos cuidados de saúde, encaminhando os doentes para o tipo de cuidados que precisam. Os doentes que tenham uma situação aguda, mas sem a gravidade que justifique o atendimento hospitalar, serão encaminhados para o centro de saúde com a garantia de consulta marcada. A ideia é estender o projecto progressivamente a todo o país.

O projecto, apresentado nesta quarta-feira, vai envolver o Agrupamento de Centros de Saúde (Aces) Póvoa de Varzim/Vila do Conde e o centro hospitalar com o mesmo nome. A ideia é que, antes de recorrer a qualquer um destes locais, o utente ligue primeiro para o SNS24 para saber onde se deve dirigir. E a resposta será garantida.

O projecto “inclui medidas no âmbito da literacia em saúde, que pretendem reforçar a utilização preferencial do contacto com a Linha SNS 24 como entrada no SNS, permitindo aumentar a satisfação dos utentes e profissionais, pela possibilidade de organização e gestão dos serviços de saúde disponíveis para a resposta à doença aguda, através de um encaminhamento adequado: autocuidados em domicílio, consulta aberta em cuidados de saúde primários (com consulta agendada no mesmo dia ou no dia seguinte) e serviço de urgência”, explica a Direcção Executiva do SNS (DE-SNS) em comunicado. Para as situações emergentes, o contacto é o 112.

Aos utentes com doença aguda de menor gravidade será oferecida uma consulta com a equipa de saúde familiar, que será logo marcada pelo SNS 24. A DE-SNS refere, na nota divulgada, que foi possível conseguir 785 consultas nas 14 unidades de saúde familiar “para marcação directa na agenda através da linha SNS24 e SU [serviço de urgência] do CHPVVC [Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde]". “Outra das medidas implementadas vem permitir o acesso à resposta a doença aguda aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 13h, através da criação de um Serviço de Atendimento Complementar.”

Resposta hospitalar

Este é um caminho com dois circuitos, com o centro hospitalar a ter vagas para receber doentes crónicos complexos, em situação de doença agudizada encaminhados pelos centros de saúde para consultas das especialidades de medicina interna, consulta multidisciplinar de pé diabético, ginecologia/obstetrícia, imuno-hemoterapia, medicina interna, ortopedia e psiquiatria. O médico de família também poderá referenciar o doente directamente para hospitalização domiciliária.

“No caso do utente que recorre ao SU e que apresenta critérios clínicos para avaliação nos cuidados de saúde primários (utilização considerada indevida ou evitável), o SU recalcula um percurso alternativo (referenciação inversa), direccionando o utente para a sua unidade de saúde familiar, oferecendo esta resposta através da marcação directa de uma consulta aberta na agenda disponível para o efeito”, explica a DE-SNS.

Em declarações à rádio TSF, o director executivo do SNS explicou que "o doente nunca é recusado". "É orientado para o local certo e, portanto, se o local certo for a equipa de saúde familiar, que o conhece e que pode dar-lhe uma resposta mais qualificada e até pode ser atendido realmente com hora marcada, é isso que será feito", disse Fernando Araújo. O mesmo lembrou que há cerca de dois meses, numa reunião magna sobre urgências, uma das medidas mais pedidas e destacadas como importantes foi a revisão na forma de acesso às urgências.

Segundo noticia o Jornal de Notícias, nesta quarta-feira, haverá um último passo neste processo, que deverá acontecer daqui a quatro semanas. O jornal refere que “os doentes não urgentes que vão pelo próprio pé à urgência e não aceitem ser orientados para um local clinicamente mais adequado serão recusados”.

O objectivo é que o projecto seja posteriormente alargado a outras zonas do país. À TSF, Fernando Araújo disse esperar que ainda este ano possa chegar a algumas das áreas metropolitanas. Na Póvoa de Varzim, onde apresentou a iniciativa, o director executivo SNS disse que, no caso do Hospital São João, no Porto, "já está a ser trabalhada uma estratégia".

"Estamos a constituir uma unidade local saúde entre o Hospital São João e os ACES do Porto Oriental e Maia/Valongo. É importante que nos cuidados de saúde primários as respostas sejam muito bem articuladas. No São João estamos a trabalhar nessa estratégia, que deve ser concluída nas próximas semanas", disse Fernando Araújo, citado pela Lusa.

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