Inflação cai menos do que o previsto no Reino Unido
Preços dos alimentos e dos serviços estão a impedir uma descida mais rápida da taxa de inflação homóloga e a conduzir a perdas de poder de compra dos britânicos
A inflação homóloga no Reino Unido registou, em Abril, a maior descida dos últimos anos, mas ficou ainda assim acima do valor que era esperado, sendo especialmente evidente a persistência de pressões nos preços dos bens alimentares.
De acordo com os dados publicados esta quarta-feira pela agência responsável pelas estatísticas no Reino Unido, a variação dos preços face ao mesmo mês do ano passado cifrou-se, em Abril, em 8,7%. É um valor que representa uma descida acentuada face aos 10,1% de Março e confirma a tendência de descida que se regista desde que em Outubro a inflação britânica atingiu o seu máximo com 11,1%.
No entanto, numa altura em que se esperava que o efeito base relacionado com o início da guerra na Ucrânia no final de Fevereiro de 2022 ajudasse a baixar este indicador, a descida registada acabou por ficar abaixo das expectativas. No início deste mês, o Banco de Inglaterra tinha apontado para uma taxa de inflação homóloga de 8,4% em Abril e um inquérito realizado pela agência de notícias Reuters a analistas revelava que a previsão era, em média, de uma inflação de 8,2%.
A pesar no resultado menos positivo que o esperado voltou a estar a evolução dos preços dos alimentos. Depois de atingir um pico de 19,2% em Março, a variação homóloga dos preços dos bens alimentares registou apenas um recuo muito ligeiro, para 19,1%. “Embora seja positivo que a inflação esteja agora em apenas um dígito, os preços dos alimentos estão ainda a subir muito rapidamente”, destacou esta quarta-feira o ministro das Finanças Jeremy Hunt, a comentar os resultados.
De igual modo, dois indicadores importantes para perceber o nível de persistência da escalada de preços – a inflação subjacente (que exclui os bens energéticos e alimentares) e a inflação nos serviços – continuaram em Abril a registar um agravamento.
Este tipo de resultados dá argumentos aos que antecipam que o Banco de Inglaterra, na reunião que tem agendada para daqui a cerca de um mês, volte a subir as suas taxas de juro de referência, desta vez provavelmente de 4,5% para 4,75%.
O Reino Unido continua a ser, agora em conjunto com a Itália, o país do G7 com uma taxa de inflação mais elevada.