Funcionários públicos ganham mais com o mesmo grau de escolaridade

Remuneração bruta mensal média dos trabalhadores da Administração Pública com terceiro ciclo do ensino básico foi de 1265 euros, mais 13,6% do que no sector privado.

Foto
Funcionários públicos têm protestado devido à perda de poder de compra LUSA/MIGUEL A. LOPES

A remuneração média por trabalhador na Administração Pública (AP) foi 51,2% superior à do sector privado em 2021, reflectindo diferenças no tipo de trabalho e qualificações, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) hoje divulgados.

“Em 2021, a remuneração bruta mensal média por trabalhador era mais elevada no sector das AP do que no sector privado (2019 euros vs. 1335 euros; mais 51,2%)”, concluiu o INE, nas estatísticas do Emprego sobre “Remuneração bruta mensal média por trabalhador: a distribuição das remunerações brutas por trabalhador no sector das Administrações Públicas e no Sector Privado”.

Segundo a entidade, aquela diferença reflecte, entre outros factores, diferenças no tipo de trabalho realizado e qualificações dos trabalhadores que integram os sectores, com os da AP a apresentar, em média, níveis de escolaridade mais elevados.

No ano em análise, 55,2% dos trabalhadores da AP tinham ensino superior (22,7% no sector privado), 26,6% tinham completado o ensino secundário ou pós-secundário (32,4% no sector privado) e 18,3% tinham um nível de escolaridade correspondente, no máximo, ao 3.º ciclo do ensino básico (44,9% no sector privado).

Em ambos os sectores, as distribuições da remuneração bruta por trabalhador são assimétricas positivas, ou seja, a mediana é inferior à média, e os dois sectores têm o mesmo intervalo modal (850 a 900 euros), contudo, o sector das AP distingue-se do privado na dispersão salarial, sendo que, no último caso, os salários estão concentrados em torno da moda e da mediana, nos 996 euros.

Já no sector das AP, verifica-se também alguma concentração de trabalhadores em torno da moda (entre os 850 a 900 euros), mas a mediana correspondia, em 2021, a 1778 euros, verificando-se, ainda, uma concentração de trabalhadores entre a mediana e os 2450 euros.

Por nível de escolaridade completo, são igualmente observadas diferenças salariais entre os dois sectores institucionais, sendo que, em 2021, a remuneração bruta mensal média dos trabalhadores da AP que completaram, no máximo, o terceiro ciclo do ensino básico foi de 1265 euros, mais 151 euros (13,6%) do que no sector privado (1114 euros).

Esta diferença é ainda mais acentuada no topo da distribuição, com os trabalhadores com ensino secundário ou pós-secundário a auferir em média mais 166 euros (12,3%) na AP do que no privado.

Em termos médios, para os trabalhadores com ensino superior, em relação aos quais se registaram remunerações mais elevadas, observou-se uma maior diferença entre o sector das AP (2957 euros) e o privado (2263 euros), alcançando quase 700 euros (30,7%).

Contudo, se observadas as diferenças relativas entre as remunerações dos trabalhadores ao longo da distribuição dos rendimentos, verifica-se que, para os trabalhadores com ensino superior, estas são estáveis em torno dos 70% na base da distribuição e diminuem desde então.

Já no topo da distribuição, o diferencial é apenas de 180 euros (3,3%), o que pode estar associado, entre outros fatores, à diferente composição etária dos trabalhadores das AP e do privado, com o primeiro grupo a apresentar uma idade média mais elevada, incluindo aqueles com ensino superior completo.