Novo secretário-geral da FNE quer “rasgar a forma tradicional de fazer sindicalismo”

Pedro Barreiros, 49 anos, é natural de Chaves e professor na Escola Básica e Secundária de Cabeceira de Basto.

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Nova paralisação conta com o apoio de nove organizações sindicais, incluindo FNE e Fenprof e está marcada para 6 de Junho MANUEL DE ALMEIDA
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Depois de uma greve nacional de professores marcada para o próximo dia 6 de Junho, e duas grandes manifestações, uma em Lisboa e outra no Porto, num protesto conjunto de nove organizações sindicais, que inclui a Fenprof, o novo secretário-geral da FNE, Pedro Barreiros, admite que a estrutura pode ainda avançar com uma paralisação durante os exames nacionais de acesso à universidade e as avaliações finais, se o Governo não responder às suas reivindicações.

Pedro Barreiros diz ainda que, se o Governo mantiver a relutância que tem mostrado até agora, a luta nas escolas irá continuar no próximo ano lectivo, colocando a recuperação total do tempo de serviço congelado no topo das prioridades. As quotas de acesso ao 5.º e 7.º escalão, a alteração das regras de mobilidade por doença e os problemas que a nova vinculação dinâmica irá trazer são outras dos assuntos para os quais os professores exigem respostas.

O anúncio da greve foi feito em Aveiro à margem do XIII Congresso da FNE, que elegeu este domingo o novo secretário-geral da FNE, que substitui o histórico João Dias da Silva que liderou durante 19 anos esta que é uma das principais organizações sindicais do sector da educação.

Pedro Barreiros, 49 anos, natural de Chaves e professor na Escola Básica e Secundária de Cabeceira de Basto, é um sénior nas lides sindicais, sendo actualmente presidente do Sindicato dos Professores da Zona Norte — SPZN. Foi director do respectivo Centro de Formação Profissional durante uma década. Era até agora um dos três vice-secretários-gerais da FNE, um cargo que acumulava com o de membro do secretariado nacional da União Geral de Trabalhadores (UGT).

Ao PÚBLICO, garante que a FNE não vai mudar de valores nem deixar de ser uma estrutura responsável, mas promete "rasgar a forma tradicional de fazer sindicalismo" e trazer mais "criatividade" para este movimento. "A FNE deixa de ter um líder com 69 anos, que está no último escalão da carreira e passa a ter um de 49 anos que está apenas a metade da tabela. O que me falta em experiência terei de compensar em criatividade."

O sindicalista lamenta que o ministro da Educação tenha andado desde o início das negociações "a gozar com este processo", chegando ao ponto de fazer propostas verbais que depois retira, acusa.

João Costa, prossegue, precisou numa reunião sindical que a recuperação integral do tempo de serviço que os professores viram ser congelado custaria 311 milhões de euros por ano. "Ter uma educação de qualidade tem custos mas é preferível investir nos recursos humanos a gastar milhões em equipamentos informáticos que têm um tempo de vida de três anos e depois são lixo", sustenta Pedro Barreiros. E acrescenta: "O custo da recuperação do tempo de serviço irá diminuir à medida que os professores que estiveram nesta situação se forem reformando." Admite, contudo, que os aumentos terão igualmente impacto ao nível das reformas.

O novo secretário-geral da FNE mostra-se ainda preocupado com a falta de professores de determinados grupos, sobretudo na zona da Grande Lisboa e do Sul. "As projecções mostram que até 2030 vão faltar professores noutros locais em determinados grupos", refere, criticando a ausência de uma política estratégica do Governo para incentivar os jovens a apostar em cursos que se sabe que terão empregabilidade.

Pedro Barreiros foi eleito, numa lista única, que conquistou 95% dos votos dos mais de 400 delegados votantes, que participaram no XIII Congresso da FNE, realizado este fim-de-semana em Aveiro. A partir desta segunda-feira começará a pedir reuniões aos partidos políticos, ao Presidente da República e a diversas instituições para apresentar o novo plano de acção que foi aprovado no congresso.

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