Marcelo reitera o que disse há 15 dias e assegura que está a “acompanhar” a situação
Presidente da República escusou-se a comentar as revelações da comissão parlamentar de inquérito à TAP.
Depois de recuar na disponibilidade para falar à comunicação social ao início da tarde desta sexta-feira, o Presidente da República saiu a pé pela porta principal do Palácio de Belém e aproximou-se dos jornalistas que ali se encontravam para assegurar que “mantém” o que disse na comunicação feita ao país há 15 dias, sublinhando que está a “acompanhar atentamente” o que se passa.
“Tudo o que disse há 15 dias se mantém exactamente nos termos em que disse. E se houver necessidade de se comunicar sobre esta matéria, faço eu, não tenho porta-vozes”, afirmou, momentos depois de terem sido canceladas as declarações que estavam previstas e que levaram os jornalistas até à porta do Palácio de Belém.
Questionado por várias vezes sobre as revelações na comissão parlamentar de inquérito à TAP na quarta e quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa rejeitou comentar, reiterando o que afirmou há duas semanas depois de o primeiro-ministro ter recusado demitir o ministro das Infra-Estruturas na sequência dos incidentes nas instalações do ministério.
Nesse discurso, o Presidente rebateu os argumentos do primeiro-ministro para manter Galamba no Governo, defendendo mesmo que o ministro "devia ter sido exonerado", prometeu estar "mais atento às questões de responsabilidade política e administrativa dos que mandam" e mais "interveniente no dia-a-dia" para evitar recorrer à dissolução do Parlamento ou à demissão do Governo. Ao questionar a decisão de António Costa e colocar-se como o guardião da "confiabilidade", da "responsabilidade e da "autoridade", a comunicação ao país foi vista como um ultimato ao Governo e o fim de uma relação tranquila de sete anos entre Belém e São Bento.
Sobre a actuação do Serviço de Informações de Segurança (SIS), o Presidente fez questão de frisar que "por definição estão ao serviço do Estado e não de governos", o que reflectia uma crítica à entidade que agora se sabe ter sido contactada pela chefe de gabinete de João Galamba depois de uma sugestão dada pelo secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes.
“Depois do que disse há duas semanas, não fiz nenhuma declaração sobre uma situação que acompanho atentamente. Se for necessário, e quando for necessário, faço uma declaração, portanto, não há neste momento senão os portugueses saberem que estou a acompanhar atentamente o que se passa”, disse.
Questionado sobre a notícia do Expresso desta sexta-feira, que indica, citando fontes de Belém, que o Presidente não irá segurar o primeiro-ministro se João Galamba sair do Governo, o Presidente não assume a autoria das informações. “Não fiz nenhuma declaração a nenhum órgão de informação. Se quiser fazer, e quando quiser fazer, faço a todos os órgãos de comunicação”, disse, acrescentando que “não há ideias que passem em Belém a não ser as que passam” pela sua “cabeça”.
O Presidente foi também questionado sobre se vai ouvir os partidos políticos. Respondeu não ter nada a dizer. O mesmo respondeu depois de questionado sobre o facto de António Costa ter sido informado, na madrugada do dia 26 de Abril, pelo ministro sobre a intervenção do SIS na recuperação do computador do seu ex-adjunto.
“Não tenho nada a dizer”, afirmou, repetindo a declaração inicial. “Disse aos portugueses o que pensava da situação e qual era a posição que tinha, é a atitude que eu tenho hoje”, afirmou. Sobre um braço-de-ferro com o primeiro-ministro, Marcelo voltou a referir que a situação não se alterou. “É a mesma até eu entender que a situação justifica pronunciar-me novamente”, disse.
Marcelo falava aos jornalistas antes da reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional e de ter a reunião semanal com o primeiro-ministro. Depois seguiu a pé para a entrada lateral do Palácio de Belém para a reunião daquele órgão consultivo do Presidente.