BCP renegociou 6500 créditos à habitação, a larga maioria fora da medida do Governo

Instituição diz estar pronta para receber pedidos de bonificação de juros a partir desta terça-feira.

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Presidente do BCP refere que "há famílias com dificuldades em suportar os encargos com juros" LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS
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O Millennium BCP já reestruturou 6500 empréstimos à habitação até ao final do primeiro trimestre, em resposta à subida das taxas Euribor, que têm agravado substancialmente as prestações. Deste universo, apenas 650 estão enquadrados na medida criada pelo Governo para facilitar a renegociação de créditos, referiu hoje o presidente executivo do BCP, Miguel Maya, durante a apresentação de resultados.

Assim, a larga maioria dos créditos reestruturados pelo banco estão fora do Decreto-Lei 80-A, de Novembro do ano passado, assegurou o presidente da instituição. Este diploma veio criar melhores condições para a renegociação dos empréstimos, mas apenas para famílias com taxas de esforço elevadas.

Ao contrário da Caixa Geral de Depósitos, que diz estar a estudar outras medidas para ajudar as famílias com dificuldades em acomodar o aumento das taxas de juro, para além da renegociação de créditos e da bonificação de juros, Miguel Maya garante que "o BCP não tem cartas na manga", porque "a instituição dá resposta às necessidades dos clientes".

"Há famílias com dificuldades às quais estamos particularmente atentos", afirmou o gestor, admitindo que "nem em todas as situações é possível chegar a acordo, e há situações muito difíceis, mas na larga maioria tem sido possível encontrar soluções equilibradas".

Apesar de considerar que "do ponto de vista macroeconómico não há um problema com empresas ou particulares", reconhece que, analisando cada caso, "há clientes com dificuldades e que é com esses que se tenta evitar incumprimentos dos empréstimos". Neste sentido, Miguel Maya considerou "genuínas" as palavras do Presidente da República relativamente às condições do crédito às famílias.

"Escutamos sempre com muita atenção as palavras do Presidente da República", afirmou, garantindo que o banco continuará a olhar para a situação das famílias com especial atenção.

Mas se as palavras do Presidente da República são ouvidas "com atenção", Miguel Maya também disse não comentar "casos e casinhos". "Quando no ambiente político aparecem muitos casos e casinhos, estou habituado a que o foco passe para banqueiros; de repente, os bancos são os maus da fita, é fácil toda a gente apontar aos bancos", afirmou Miguel Maya.

Esta terça-feira arranca a medida de bonificação dos juros, outra medida criada pelo Governo para apoiar famílias de menores rendimentos. O presidente executivo do BCP garante estar preparado para o arranque deste processo, que consistirá na recepção dos pedidos de acesso a apresentar pelos clientes.

A bonificação, criada pelo Decreto-Lei n.º 20-B/2023, só deverá chegar em Junho, e representará uma pequena fatia do total dos encargos com juros, uma vez que só bonificará, na melhor das hipóteses, os juros acima dos 3% da Euribor.

O acesso à medida tem várias limitações, nomeadamente em relação ao rendimento das famílias a abranger, que não pode superar os 38.632 euros brutos anuais, não podendo as famílias possuir património financeiro acima de 29.786,66 euros, onde se incluem depósitos, instrumentos financeiros, seguros de capitalização, planos poupança reforma ou Certificados de Aforro ou do Tesouro.

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