Montenegro acusa Costa de ser ingrato com Marcelo

Líder do PSD pede explicações ao primeiro-ministro sobre os motivos que o levaram a não aceitar a demissão do ministro João Galamba.

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Líder do PSD criticou o Governo nas comemorações do 49º aniversário do partido LUSA/PAULO NOVAIS
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Luís Montenegro, líder do PSD, considerou que o “conflito institucional”, aberto pelo primeiro-ministro com o Presidente da República, “revela uma certa ingratidão” tendo em conta “a colaboração e cooperação” de Marcelo Rebelo de Sousa com o Governo. No discurso do 49.º aniversário do partido, assinalado no Convento de São Francisco, em Coimbra, o líder social-democrata deu razão ao chefe de Estado nas críticas que fez ao Governo, esta semana.

Depois de António Costa ter desdramatizado a crise política – e de o Presidente ter mostrado que o capítulo está encerrado por ora – Luís Montenegro veio pedir explicações ao primeiro-ministro sobre o que se passou nos últimos dias. “A troco de quê, decidiu abrir um conflito institucional com o Presidente da República? Ainda por cima, revela uma certa ingratidão, o Presidente tem sido de uma colaboração e cooperação institucional que há muitos que não compreendem, não gostam, manifestam a sua discordância”, afirmou sem referir que esse desconforto tem existido dentro do PSD.

Perante dezenas de militantes, o líder do PSD insistiu nos motivos de António Costa para assumir uma divergência com o Presidente. “O primeiro-ministro tem de ter uma razão com muito significativa para desperdiçar esse funcionamento entre órgãos de soberania, de o prejudicar”, disse, lançando mesmo a pergunta: “Qual foi a razão para desbaratar também uma das boas condições para poder prosseguir a governação?”

Luís Montenegro considerou que estão ainda por explicar outros contornos do caso, que abalou a relação entre São Bento e Belém, nomeadamente a recusa de Costa em demitir o ministro - decisão para a qual, considerou, não haver “razão atendível e entendível”. “Não quero acreditar que o pedido tenha sito simulado e a resposta também. Se o ministro acha que não tem condições, escreveu pelo seu punho, o senhor primeiro-ministro tem de explicar porque é que não aceitou nem refrescou o Governo como o seu partido pediu”, defendeu.

Depois de revisitar os governos liderados pelo PS e pelo PSD desde o 25 de Abril, Montenegro chegou ao executivo actual, para lembrar que o “mais alto magistrado da Nação” disse, há meses, que “esta maioria está cansada e requentada”. E que, esta semana, “continua a ter razão” ao dizer que “o Governo está em perda de credibilidade, de autoridade, de confiabilidade e que não é capaz de assumir a plenitude da responsabilidade política.”

Lembrando as palavras do militante número um do PSD, Francisco Pinto Balsemão, sobre os valores fundadores do partido, Montenegro defendeu que eles “ainda são tão necessários” nos dias de hoje como nunca, afastando a ideia de uma sociedade que “traga em excesso para dentro do Estado e que dentro do Estado tudo se confunda com o partido do Governo – o PS”.

Condenando o PS como o “dono disto tudo”, o líder do PSD associou essa ideia aos “casos graves desta semana” que põem em causa “a autoridade, a confiabilidade, e a credibilidade” do Governo. Montenegro reconheceu que, ao não demitir o ministro, o primeiro-ministro surpreendeu: “É verdade”, mas foi “pela negativa”.

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