Marcelo congela divergência com Costa: “Não vou pronunciar-me nas próximas semanas”
Presidente da República disse ter sido “curto” e “claro” na comunicação ao país na passada quinta-feira.
O Presidente da República escusou-se a voltar a pronunciar-se sobre o diferendo que o opôs ao primeiro-ministro e assegurou que não o vai fazer nas próximas semanas. Depois de o chefe de Governo já ter desdramatizado a comunicação dura ao país de Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente parece querer congelar a divergência que teve com António Costa a propósito da continuidade do ministro das Infra-estruturas no Governo.
“Não tenciono pronunciar-me sobre a matéria, nem hoje nem nas próximas semanas. O papel do Presidente não é estar a interpretar-se a si próprio. Faço um esforço para ser claro. E para falar para qualquer português consiga perceber. Os portugueses ouviram, perceberam, têm a sua opinião sobre isso certamente”, afirmou na embaixada portuguesa em Londres, onde se encontrava para assistir à cerimónia da coroação do rei Carlos III, em declarações transmitidas pela RTP3.
Questionado sobre se está esclarecido sobre a actuação dos Serviços de Informação de Segurança (SIS) no caso do ministro das Infra-estruturas João Galamba, Marcelo escusou-se igualmente a comentar: “Tudo o que quis abordar, abordei, não quero acrescentar mais nada. Penso que fui muitíssimo claro no que queria dizer. Fui curto – admito – mas foi claro. Está dito, está dito em palavras acessíveis. Não vou hoje, nem daqui a uma semana, duas semanas, três semanas pronunciar-me."
O Presidente foi também questionado sobre se os portugueses o vão ouvir menos a comentar a actuação do Governo, Marcelo considerou que “compete à comunicação social comentar o que dizem os responsáveis políticos, não compete ao Presidente da República estar a ser comentador”. Marcelo lembrou que numa fase da sua vida já foi comentador mas que agora é “responsável político” e "como disse" na quinta-feira o “último fusível de segurança político” do sistema.
Os jornalistas quiseram ainda saber se a “divergência de fundo” com o primeiro-ministro poderá afectar o encontro dos dois no mesmo evento na segunda-feira. Marcelo apenas confirmou que estará com António Costa em Cáceres, Espanha, na entrega do prémio Carlos V a António Guterres, secretário-geral da ONU.