OMS decretou o fim da pandemia de covid-19 como emergência sanitária global

Director-geral da OMS decretou em conferência de imprensa que a covid-19 deixou de ser considerada uma emergência sanitária global. Nível máximo de alerta estava activo desde 30 de Janeiro de 2020.

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Fim da pandemia. Covid-19 já não é "uma emergência de saúde global", declara OMS Joana Gonçalves
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Mil, cento e cinquenta (1150) dias depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado a covid-19 uma pandemia, chega outro anúncio histórico: a doença provocada pelo vírus SARS-CoV-2 deixou esta sexta-feira de ser considerada uma emergência sanitária global.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da OMS, confirmou que aceitou a recomendação do comité de emergência para baixar o nível de alarme: “É com grande esperança que declaro o fim da covid-19 como uma emergência de saúde global.” E prosseguiu: “Ontem [quinta-feira], o comité de emergência reuniu-se pela 15.ª vez e recomendou-me que declarasse o fim da emergência global. Eu aceitei esse conselho.”

Desde que o coronavírus foi detectado na cidade chinesa de Wuhan até agora, a covid-19 já foi responsável pela morte de cerca de sete milhões de pessoas em todo o mundo, quase 27 mil das quais em Portugal. “Quase sete milhões de mortes foram relatadas à OMS, mas nós sabemos que o número é várias vezes mais elevado – pelo menos 20 milhões”, destacou o ​director-geral da OMS.

O nível máximo de alarme em torno da covid-19 foi decretado pela primeira vez a 30 de Janeiro de 2020, há 1191 dias. A 11 de Março desse ano foi, então, considerada uma pandemia. Nesse dia, as autoridades portuguesas registavam um total de 59 casos confirmados de infecção desde o dia 2 de Março de 2020. Agora, e de acordo com as informações mais recentes da Direcção-Geral da Saúde (DGS), são já perto de 5,6 milhões os casos diagnosticados com o SARS-CoV-2 em Portugal, que durante muito tempo era conhecido sobretudo como “novo coronavírus”. A sua disseminação condenou a população portuguesa (e de milhões de pessoas por todo o mundo) ao confinamento domiciliário em vários períodos até 2022.

Multidão em Tóquio, no Japão, em Março de 2020. REUTERS/Athit Perawongmetha
Doente infectado pelo vírus da covid-19, na Sérvia. Julho de 2020. REUTERS/Marko Djurica
Vítimas da covid-19 são cremadas em Nova Deli, na Índia, em Abril de 2021. REUTERS/Danish Siddiqui
Hospital em Moscovo, na Rússia, em Novembro de 2020. REUTERS/Maxim Shemetov
População na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, em Setembro de 2020. REUTERS/Pilar Olivares
Kumbh Mela, a principal festa do hinduísmo, na Índia, em Abril de 2021. REUTERS/Danish Siddiqui
Abertura de novas covas num cemitério nos arredores da Cidade do México, em Junho de 2020. REUTERS/Edgard Garrido
Paris durante um dos confinamentos impostos pela pandemia de covid-19, em Abril de 2020. REUTERS/Pascal Rossignol
Clientes de um restaurante no Rio de Janeiro, Brasil, em cabines para garantir distanciamento social. Outubro de 2020. REUTERS/Pilar Olivares
Familiares de uma vítima de covid-19 num crematório nos arredores de Bangalore, na Índia. Maio de 2021. REUTERS/Samuel Rajkumar
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Multidão em Tóquio, no Japão, em Março de 2020. REUTERS/Athit Perawongmetha

As escolas encerraram, as ruas ficaram desertas e os profissionais de saúde enfrentaram provações históricas para atenderem aos milhares de casos internados que acorriam aos hospitais em todo o mundo. Nos piores momentos da pandemia, o país assistiu à morte de centenas de pessoas por dia à conta da covid-19 enquanto se habituava às novas rotinas (muitas delas já abandonadas): era preciso usar máscaras, realizar testes rápidos de diagnóstico antes de se aceder a restaurantes e manter o isolamento sempre que havia um contacto de risco.

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Até agora, a covid-19 era considerada uma “​emergência sanitária global” ​(o nível de alerta máximo emitido pela OMS) por se tratar de um acontecimento extraordinário, representar um risco à saúde pública para outros Estados por meio da disseminação internacional da infecção e requerer uma resposta internacional coordenada.

Mas o Comité de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional concluiu, numa sessão deliberativa esta quinta-feira, que a covid-19 já não pode ser considerada um acontecimento incomum ou inesperado”, mesmo tendo em consideração que o vírus continua a evoluir e a circular. Por isso, já não obedece aos parâmetros para ser classificada como emergência sanitária global.

Na conferência de imprensa, Tedros Adhanom Ghebreyesus adiantou que a pandemia está “em tendência de queda, com a imunidade da população a aumentar devido à vacinação e infecção, a mortalidade a diminuir e a pressão sobre os sistemas de saúde a decrescer”. Num comunicado publicado entretanto pela OMS, a organização considerou que “está na hora de fazer a transição para a gestão de longo prazo da pandemia” porque “a covid-19 é agora um problema de saúde estabelecido e contínuo”.

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Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da OMS, em conferência de imprensa em Outubro de 2021. REUTERS/Fabrice Coffrini

"Uma vitória da perseverança", diz Pizarro

O ministro da Saúde português já reagiu ao anúncio do director-geral da OMS. Numa nota enviada à comunicação social, Manuel Pizarro considerou que este é um “dia de elevado simbolismo” que "representa uma vitória da perseverança sobre a hesitação, da ciência sobre o desconhecido, da solidariedade sobre o egoísmo, da comunidade sobre o individualismo”.

“Ao longo de três anos, a sociedade portuguesa esteve unida em torno de um grande desafio: conciliar a luta contra a pandemia de covid-19 com a preservação do nosso quotidiano”, disse ainda Manuel Pizarro depois de destacar a capacidade de adaptação dos portugueses, a forte adesão à vacinação e o respeito pelas orientações sanitárias emitidas pelas autoridades de saúde.

O ministro da Saúde agradeceu também aos profissionais de saúde pelo “serviço público irrepreensível, com sacrifício pessoal” e destacou que há ensinamentos a retirar para fortalecer o Serviço Nacional de Saúde: “Importa agora preservar as lições aprendidas, o conhecimento e o espírito de colaboração adquiridos durante este período tão desafiante”, sublinhou.

Também a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, considerou o fim da emergência de saúde pública global para a covid-19 como “motivo de regozijo” em Portugal, que está agora “em processo de regeneração” do impacto provocado pela pandemia.

“Pagámos todos um preço, sobretudo em sofrimento e em morte, e não o podemos esquecer. A pandemia teve um impacte nas nossas vidas de relação, no nosso tecido social e no nosso tecido económico. Estamos a fazer o nosso processo de regeneração”, disse Graça Freitas, numa declaração publicada no site da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

“As equipas de saúde pública trabalharam ininterruptamente com o objectivo de quebrar cadeias de transmissão. Muitos outros profissionais asseguraram, também, de forma contínua, cuidados de elevada qualidade no sector público, privado e social”, sublinhou ainda a directora-geral da Saúde.

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