Na coroação, Carlos e Camila vão usar vários mantos cheios de detalhes
O rei vai reutilizar os mantos que foram usados pelo seu avô Jorge VI. Para Camila, foi feito um novo manto que evoca a paixão dos reis pelo ambiente.
Carlos III quer reduzir a pegada ecológica da sua coroação — mais cara, mas mais curta em dimensão — e isso também se estende ao vestuário. É comum que os monarcas reutilizem a Supertúnica e o Manto Imperial, Carlos fez questão de também usar a túnica Columbium Sindonis, o cinto da espada e a luva da coroação que eram do seu avô o rei Jorge VI.
No início da cerimónia, Carlos III, que estará de uniforme militar, vai vestir o Columbium Sindonis, uma espécie de túnica de linho, sem mangas, que é usado por todos os monarcas durante a coroação, como símbolo do despojamento da vaidade mundana. O rei escolheu usar a mesma veste do avô coroado em 1937, feita então pela empresa Ede & Ravenscroft, recorda o Palácio de Buckingham.
Sobre a veste de linho, é colocada a Supertúnica bordada a dourado e apertada com o cinto da espada. A peça foi mandada fazer para a coroação de Jorge V, que decorreu também na Abadia de Westminster, a 22 de Junho de 1911. Depois disso já foi usada pelo avô e pela mãe de Carlos III. Ainda que esta túnica tenha pouco mais de cem anos, a sua forma é a mesma desde a Idade Média e evoca as vestes religiosas não só no formato, como nos bordados em espiral.
O cinto da espada, usado para prender a Supertúnica, tem bordado alguns dos símbolos nacionais, como as rosas e os cardos, e serve também para pôr a espada, que o arcebispo da Cantuária anunciará que será usada para “protecção do bem e castigo do mal”. Durante a coroação, a espada é pousada no altar da Abadia de Westminster.
Por cima da túnica, é finalmente colocado o Manto Imperial. Este tem mais de 200 anos — a veste mais antiga usada na coroação — e foi envergado pela primeira vez na coroação de Jorge IV, em 1821. Já foi reutilizado por Jorge V, Jorge VI e Isabel II. Feito de seda e bordado a ouro, é decorado com rosas, espinhos, trevos e flores-de-lis. O alfinete de ouro que aperta o manto tem a forma de uma águia — tal como a âmbula dos santos óleos.
Na mão direita do soberano, será colocada a luva da coroação, que também pertenceu a Jorge VI. Feita de pele branca, tem o pulso bordado a dourado, novamente com os símbolos da monarquia, a rosa dos Tudors ou as folhas de carvalho.
É usada para o momento mais solene, em que a coroa de Santo Eduardo é pousada na cabeça de Carlos, para segurar o ceptro. Será o lorde Indarjit Singh de Wimbledon a colocar a luva no rei, avança também o palácio.
Além da Supertúnica e do manto imperial, Carlos e Camila vão usar dois mantos de Estado, um para chegar à Abadia de Westminster e outro para sair. Novamente, para chegar à cerimónia, o rei vai reutilizar o manto de veludo do avô, que foi restaurado. Para sair, muda para o manto de veludo de seda roxo, também de Jorge VI, no qual foi bordado o seu novo monograma.
Já a rainha usará o manto feito para Isabel II, em 1953, de veludo carmesim, que foi adaptado e restaurado nos últimos meses. No final da coroação, muda para um novo manto, bordado com o seu monograma pela Escola Real de Bordado. Também foram bordados elementos da natureza, como flores e até insectos, em tributo a Carlos III e ao jardim de Highgrove.
Destaque para os lírios-do-vale, a flor do bouquet de Camila no dia do casamento com Carlos e a favorita de Isabel II; a murta, que representa a esperança; o delfínio, a favorita do rei e também a flor do mês de Julho, quando se celebra o aniversário da nova rainha. A planta manto-de-senhora também está bordada, evocando amor e conforto, assim como a flor do milho, que simboliza a ternura e é conhecida por potenciar a vida dos insectos, nomeadamente das abelhas e borboletas.
E por baixo do manto?
Por baixo dos mantos, espera-se que Camila use um vestido assinado pelo seu criador favorito, Bruce Oldfield, avança o The Guardian. A escolha pode parecer estranha, já que uma das clientes mais famosas do costureiro era, nem mais, nem menos, a princesa Diana, mas Oldfield garante ser mais próximo da nova rainha, para quem já desenha há 13 anos. “Dei a Diana o seu glamour e a Camila a sua confiança”, diz, com humor, mas sem revelar detalhes sobre o que usará a consorte neste sábado.
Quanto ao que vão vestir os restantes membros da família, é esperado que os homens, William e o duque de Edimburgo, Eduardo, estejam nos seus uniformes militares — André e Harry não o podem fazer. Mas é à volta do que vão usar as mulheres que permanece o grande mistério.
Não se sabe se as mulheres reais, como a princesa de Gales e a duquesa de Edimburgo, Sofia, vão usar tiaras. A imprensa britânica tem noticiado que Kate pode optar por usar uma coroa de flores. Se a futura rainha não usar tiara, é provável que mais nenhum membro da família o faça.
Tal não será sinónimo de recato na joalharia. Por exemplo, Kate poderá usar um alfinete de peito ou uns brincos em homenagem ao País de Gales, com um narciso, a flor nacional. Quanto ao designer que ficará responsável por a vestir, escolherá certamente um nome britânico. Entre as apostas, sobressai Sarah Burton, da Alexander McQueen, que desenhou o seu vestido de noiva há 12 anos.