Relvas diz que liderança de Montenegro como rosto da oposição começou agora

Ex-ministro de Passos Coelho considera o grupo parlamentar social-democrata “frágil”, mas entende que é a partir do Parlamento que o PSD tem de fazer oposição.

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Miguel Relvas foi número dois do Governo de Passos Coelho DRO DANIEL ROCHA
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A crise política que se abriu entre Belém e São Bento força o PSD a fazer, a partir de agora, uma “oposição muito mais sistemática, área a área, dia a dia, semana a semana, para que possa ser construída uma sólida alternativa ao Governo”, e obriga Luís Montenegro a "levar a oposição para o Parlamento porque é lá que está a maioria absoluta do PS."

Esta é a estratégia defendida por Miguel Relvas, que foi ministro de Pedro Passos Coelho, para quem o mandato de Luís Montenegro como líder da oposição só começou verdadeiramente agora.

“Luís Montenegro começou verdadeiramente a sua liderança como rosto da oposição agora e, é a partir de hoje, que ela se consolida ou não”, sublinha o social-democrata, percepcionando que “a partir deste momento a responsabilidade da liderança da oposição é muito maior perante uma crise política que não sabemos como vai terminar”.

Ao PÚBLICO, o também comentador da CNN Portugal afirma que o “PS já perdeu a maioria na rua, mas mantêm-na no Parlamento, pelo que é no Parlamento que o combate tem de se fazer daqui para a frente", embora Relvas tenha a “percepção de que o grupo parlamentar do PSD é frágil”.

“Se eu estivesse na direcção do PSD, era a estratégia que seguia. Fazer uma oposição construtiva, sem contemplações políticas com vista a preparar uma alternativa de futuro”, defendeu o antigo número dois do Governo de Passos Coelho, que não acredita que, para já, o Presidente da República, que fala nesta quinta-feira pelas 20h00, se incline para a dissolução da Assembleia da República. “Acho que o Presidente não vai pela dissolução porque ainda vamos ter a comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP, que vai ser uma terrível tortura lenta para o Governo de António Costa”, vaticina o antigo ministro.

Afirmando que a situação em que o país se encontra devido à crise política que se instalou depois de o primeiro-ministro ter recusado demitir o ministro das Infra-Estruturas, João Galamba, “é pior do que um pântano”, Miguel Relvas entende que “todo este clima de instabilidade coloca o foco no líder da oposição".

“Quando os climas são de ruptura e se pode construir uma mudança, as pessoas olham mais para quem é alternativa e, a partir de agora, as pessoas não querem uma oposição ternurenta, querem uma oposição ofensiva, sem contemplações, mas construtiva”, observa o social-democrata, vincando que o horizonte para a realização de eleições legislativas era até agora de três anos, um prazo que pode, eventualmente, ser menor.

Para além de defender que o "PSD vai ter de se reestruturar" e "levar a oposição para o Parlamento", Relvas deixa uma pergunta à liderança de Luís Montenegro: "O que é que o PSD vai fazer na comissão eventual de revisão constitucional?" E acrescenta: "A meu ver, o PSD já devia ter colocado o deputado Paulo Mota Pinto a presidente da comissão, que é respeitado no plano constitucional."

As declarações de Miguel Relvas sobre a necessidade de o partido imprimir uma oposição mais assertiva parecem ir ao encontro das ambições de alguns deputados com quem o PÚBLICO falou e que não apreciaram o registo utilizado pelo líder do partido nesta quarta-feira.

Na intervenção que fez para comentar a permanência de João Galamba no Governo, Luís Montenegro deixou claro que não vai pedir eleições legislativas antecipadas e também não pretende avançar neste momento com uma moção de censura ao Governo porque, disse, “seria fazer um frete ao PS”.

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