As eleições europeias são por todos e para todos

Falar de Europa é falar de Portugal e dos portugueses e desmistificar os assuntos europeus para todos é essencial para fortalecer a nossa democracia.

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Megafone P3: As eleições europeias são por todos e para todos. EPA/RONALD WITTEK
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Para resolver desafios globais, o diálogo entre agentes políticos e cidadãos é essencial para o desenvolvimento de soluções e mudanças positivas no mundo de hoje. No entanto, o crescente descrédito na democracia e nos nossos partidos políticos levam ao afastamento dos cidadãos, especialmente dos jovens, do activismo e participação cívica.

Consequentemente, os nossos decisores políticos tendem a estar menos alinhados com o resto da população, levando a fenómenos de populismo e extremismo. As eleições europeias em Portugal costumam ser apelidadas como eleições de segundo plano e, na última vez que os portugueses foram chamados a votar nos futuros eurodeputados, apenas 30% efectivamente o fez.

No entanto, e se eu vos disser que este acto eleitoral é um dos mais importantes da nossa vida democrática? Entre 60 a 70% das leis nacionais provêm directamente de directivas, regulamentos ou decisões europeias. E é, claro, o papel do Parlamento Europeu negociar e melhorar estas directivas.

Ainda assim, em Portugal continuamos a usar as eleições europeias como um barómetro de popularidade ao governo e oposição, quando a realidade mostra que são eleições com um grande impacto no nosso dia-a-dia. Este será um ano de reflexão para a União Europeia. As eleições europeias vão definir a composição do Parlamento Europeu entre 2024-2029.

Será o último plenário que poderá acelerar a transição energética, humanizar a chegada de refugiados e fazer cumprir os objectivos de desenvolvimento sustentável. A urgência é ainda maior do que antes. Os crescentes riscos da extrema-direita assumir um maior papel também nos move a agir.

Além disso, a divergência da Hungria, Polónia (e possivelmente Itália) aos valores europeus, combinado com a continuação da guerra na Ucrânia, leva-nos a pensar que podem ser mesmo as eleições que vão definir o futuro e a continuidade da União Europeia. Para que os cidadãos se aproximem das instituições europeias e dos centros de decisão, é importante que confiem nas mesmas.

É crucial que as políticas actuais não afectem negativamente as gerações futuras. Para alcançar esses objectivos, deve ser criado um modelo de avaliação das políticas europeias, utilizando um quadro de referência para avaliar as propostas, procurando garantir justiça geracional. Podemos acrescentar análises de impacto a longo prazo e a participação das próximas gerações na elaboração dos projectos.

Temos o exemplo da metodologia usada para descriminalização dos consumos de drogas em Portugal: graças a um amplo consenso político e académico, conseguiu implementar-se reformas com impactos duradouros positivos.

Falar de Europa é falar de Portugal e dos portugueses e desmistificar os assuntos europeus para todos é essencial para fortalecer a nossa democracia. É aqui que precisamos de inovar na política: trazer novas pessoas, com novas experiências para o meio. É deste modo que poderemos realmente pensar políticas públicas a longo prazo, garantindo justiça intergeracional e efectividade necessárias.

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