António Costa entrega Prémio Camões a Paulina Chiziane no dia 5 de Maio

Escritora moçambicana, vencedora da edição de 2021 do mais importante prémio cultural de língua portuguesa, vai agora recebê-lo numa cerimónia a realizar-se no Museu Nacional dos Coches.

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Paulina Chiziane Nuno Ferreira Santos

A entrega do Prémio Camões de 2021, atribuído à escritora moçambicana Paulina Chiziane, vai ter lugar no próximo dia 5 de Maio, no Museu Nacional dos Coches – Antigo Picadeiro Real, onde a autora de Niketche: Uma História de Poligamia receberá o mais prestigiado galardão literário e cultural de língua portuguesa das mãos do primeiro-ministro António Costa.

Chiziane foi a vencedora da 33.ª edição do prémio, por decisão unânime de um júri constituído pelos brasileiros Jorge Alves de Lima e Raul César Gouveia Fernandes, pelos portugueses Ana Maria Martinho e Carlos Mendes de Sousa, pela moçambicana Teresa Manjate e pelo guineense Tony Tcheka.

No seu comunicado, o júri destacou “a vasta produção” de Chiziane e o “reconhecimento académico e institucional da sua obra”, valorizando ainda “a importância que a escritora dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana”, bem como “o seu trabalho recente de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes”.

Sublinhando que a entrega do Prémio Camões a Paulina Chiziane “é um momento de enorme significado e simbolismo para a cultura em português”, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, lembra que a escritora é “a primeira mulher negra” a recebê-lo.

Instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, e atribuído anualmente desde 1989, quando consagrou Miguel Torga, o Prémio Camões presta homenagem a um escritor que, pela sua obra, contribua para o enriquecimento e projecção do património literário e cultural de língua portuguesa.

Organizado, em Portugal, pelo Ministério da Cultura, através da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e do Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais (GEPAC), o Prémio Camões tem o valor pecuniário de cem mil euros, assumido em partes iguais pelos governos português e brasileiro.

Portugal e o Brasil alternam também as cerimónias de entrega do prémio, que sofreram algumas perturbações recentes, quer devidas à pandemia de covid-19, quer à recusa do ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro de assinar a documentação necessária para que Chico Buarque pudesse receber o prémio que lhe foi atribuído em 2019.

Como resultado desses atrasos, Paulina Chiziane vai acabar por receber o Prémio Camões apenas alguns dias após este ser entregue ao músico e escritor brasileiro, que o venceu em 2019. Em 2020, o galardoado tinha sido o teórico da literatura e camonista Vítor Aguiar e Silva, ao passo que o ensaísta e ficcionista brasileiro Silviano Santiago sucedeu à autora moçambicana, vencendo a edição de 2022.

Paulina Chiziane, que venceu o prémio exactamente 20 anos após este ter sido atribuído, em 1991, ao seu compatriota José Craveirinha, é geralmente reconhecida como a primeira mulher a publicar um romance em Moçambique, no caso Balada de Amor ao Vento, de 1990, o seu livro de estreia.

Ventos do Apocalipse (1993), Sétimo Juramento (2000), O Alegre Canto da Perdiz (2008), As Andorinhas (2009), Na Mão de Deus e Por Quem Vibram os Tambores do Além (ambos de 2013), Ngoma Yethu: O Curandeiro e o Novo Testamento (2015) e O Canto dos Escravos (2017) são outros títulos de Paulina Chiziane, a somar ao já referido Niketche: Uma História de Poligamia, vencedor da primeira edição do Prémio José Craveirinha de Literatura em 2003.

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