Como começar a… ouvir (e coleccionar) vinil

Passatempos ou hobbies: quem não gosta deles? Começar é que pode ser assustador. Preparámos esta série para ti, que queres começar, mas não sabes como. Este é para quem quer começar a ouvir vinil.

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Como começar a… ouvir (e coleccionar) vinil Henrique Lourenço
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Os discos apaixonam gerações – e não apenas as que cresceram com eles. Coleccionar vinil já não é uma coisa só de saudosistas e apaixonados pelo passado, mas sim um hobby cada vez mais popular. Basta olhar para os números: em 2022, nos EUA, as vendas de vinil ultrapassaram as de CD (pela primeira vez desde 1987), de acordo com os dados da Recording Industry Association of America. Foram vendidos 41 milhões de discos em 2022 – e apenas 33 milhões de CD.

O streaming continua a ser o líder incontestável na hora de ouvir música, mas há cada vez mais pessoas a optar pelo vinil quando querem comprar música em formato físico. Se queres lançar-te no mundo dos discos, mas não sabes por onde começar, deixamos-te algumas dicas, depois de ouvirmos quem sabe mesmo sobre o assunto. É que o amor pelas “bolachonas” negras (ou amarelas, ou vermelhas, ou verdes) é caso sério e está para durar.

De que material preciso para começar a ouvir vinil?

Para além dos discos em si, “para começar é fundamental três básicos: colunas, amplificador e gira-discos”, explica Carlos Milhazes, da Matéria-Prima, empresa portuense que se dedica a vender discos, livros e revistas, por email ao P3.

Esse material encontra-se, “com alguma sorte e paciência”, em sites de venda de usados, como o OLX. Outra opção é “perguntar a vendedores de discos em segunda mão por material hi-fi [isto é, de alta fidelidade]” porque “é frequente, quando compram colecções, comprarem também os sistemas de som”.

Quando se compra material em segunda mão, é importante “certificar-se de que toda a parte mecânica está a funcionar e que o braço [do gira-discos] está em bom estado”.

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Se preferes material novinho a estrear, tens um sem-fim de opções, em marcas como Audio-Technica, Pionneer e Reloop. “Mas é preciso ter algum cuidado para não se acabar a comprar um gira-discos portátil da Crosley”, alerta Carlos, com humor. Estes gira-discos, apesar de serem populares entre os iniciantes, são conhecidos pela fraca qualidade de som. E alguns até podem estragar os teus discos.

E quanto aos discos? Que cuidados devo ter?

Se queres comprar em segunda mão, convém ter atenção aos principais sinais de desgaste. Falamos de “riscos, manchas, os chamados ‘fios de cabelo’”, isto é, riscos pouco profundos. Olhando para fora, tens também de avaliar o “estado geral da capa”.

Porém, como em tudo na vida, o lixo de uns é o tesouro de outros: “Tudo depende do tipo de escuta que se procura ter. Não há regras no gosto. Um disco arruinado para uns pode ser um disco perfeitamente aceitável para outros”, avalia o audiófilo da Matéria-Prima.

E se já começaste a tua colecção e queres manter os teus discos em forma para os passares à próxima geração (como fizeram — ou tentaram — os teus pais ou os teus avós), deves “manter as agulhas limpas, trocá-las quando estão gastas, proteger os discos do sol e do calor directo”. Devem estar num sítio seco e com temperatura abaixo dos 25ºC, idealmente.

Deves arrumá-los na vertical, evitando colocá-los sob tensão — pensa que o peso de os teres empilhados uns sobre os outros pode empená-los e estragar toda a experiência de audição. A sujidade e o pó também podem ser prejudiciais, assim como a gordura (sim, mesmo a das mãos). E lembra-te: deves arrumá-los quando não os estás a ouvir.

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É um hobby caro?

Esta é a má notícia: “É um hobby cada vez mais caro e elitista”, afirma Carlos Milhazes. “Os discos novos custam o dobro do preço do que custavam quando comecei a comprar vinil, os usados custam o triplo.” Os factos levam-no a falar de uma “fetichização do formato”: o vinil tornou-se “num ícone estético” e não numa forma de consumir arte, lamenta.

Que indicações podem ajudar quem está a começar?

“Todos os formatos têm o seu encanto e pertinência, o vinil é mais um deles. Diria que a dica mais importante é que comprem a música que gostam e não se deixem levar por uma lógica de valorização dos formatos e edições”, conclui Carlos.

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