Zelensky pede rápida adesão à NATO e antevê cimeira “histórica” em Julho

Ao lado do secretário-geral da NATO, em Kiev, o Presidente da Ucrânia disse que “é tempo de se tomarem as decisões correspondentes” e criticou o atraso no envio de armamento.

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Foi a primeira visita de Jens Stoltenberg a Kiev desde o início da invasão russa Reuters/UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SER

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, aproveitou a primeira visita à Ucrânia do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, desde o início da invasão russa, para pressionar o responsável a comprometer-se com uma adesão urgente do país à Aliança Atlântica.

Ao lado de Zelensky, numa conferência de imprensa conjunta em Kiev, nesta quinta-feira, Stoltenberg reafirmou o apoio dos países da NATO ao Exército ucraniano na sua guerra de defesa contra a invasão do Exército russo, e disse que a entrada da Ucrânia no bloco militar “acontecerá a seu tempo”.

“Estou grato pelo convite para assistir à cimeira da NATO, mas também é importante que a Ucrânia receba o convite correspondente”, disse Zelensky, referindo-se a um convite feito por Stoltenberg, nesta quinta-feira, para que o Presidente ucraniano esteja presente na próxima cimeira da aliança, na capital lituana, Vilnius, em Julho.

Na mesma conferência de imprensa, Zelensky disse que a cimeira de Julho pode vir a ser “histórica”, sugerindo que esse seria o momento ideal para o início oficial da candidatura da Ucrânia à NATO.

“Não há um único obstáculo objectivo à decisão de convidar a Ucrânia para aderir à aliança”, disse o Presidente ucraniano nesta quinta-feira. “E é agora, numa altura em que tanto a maior parte dos povos dos países da NATO, como a maior parte do povo ucraniano apoiam a adesão, que é tempo de se tomarem as decisões correspondentes.”

“Interpretamos a visita do secretário-geral — a primeira desde o início da invasão — como um sinal de que a aliança está pronta para dar início a um novo capítulo nas suas relações com a Ucrânia, o capítulo de uma decisão ambiciosa”, disse Zelensky.

Ao mesmo tempo, o Presidente ucraniano pediu garantias de segurança à NATO durante o período entre um eventual pedido de adesão e a confirmação desse pedido por todos os Estados-membros da aliança.

Em Setembro de 2022, após a decisão da Rússia de anexar quatro regiões ucranianas, o Governo da Ucrânia anunciou um pedido para um processo de adesão acelerado à NATO.

“A seu tempo”

Na conferência de imprensa desta quinta-feira, Zelensky criticou também alguns membros da NATO, sem os nomear, por aquilo que considera ser um “atraso” no envio de armamento para o Exército ucraniano.

“O atraso nas decisões é tempo perdido para a paz, e também se mede em vidas dos nossos combatentes, que não têm recebido os instrumentos defensivos necessários e na quantidade necessária”, disse o Presidente ucraniano.

Ao lado de Zelensky, Stoltenberg reafirmou que o futuro da Ucrânia passa por uma adesão à NATO, recusando-se mais uma vez a comprometer-se com um horizonte temporal específico.

“Deixem-me ser claro: o lugar da Ucrânia, por direito próprio, é na família euro-atlântica. O lugar da Ucrânia é na NATO”, disse o secretário-geral da aliança. “E, a seu tempo, esse objectivo será concretizado.”

“A NATO está ao vosso lado hoje, amanhã e durante o tempo que for preciso”, disse Stoltenberg, que aproveitou para recordar o papel dos aliados da aliança atlântica no treino de “dezenas de milhares de soldados ucranianos” e no envio de 65 mil milhões de euros em ajuda militar desde o início da invasão russa, em Fevereiro de 2022.