Carlos III apoia investigação sobre as ligações esclavagistas da monarquia

A questão da escravatura do Império Britânico e os apelos para reparações têm vindo a crescer nas Caraíbas, onde Carlos permanece Chefe de Estado de vários países, incluindo a Jamaica e as Bahamas.

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“Esta é uma questão que sua majestade leva profundamente a sério”, lê-se na declaração do Palácio de Buckingham Reuters/POOL

O rei de Inglaterra, Carlos III, deu o seu apoio à investigação que irá examinar as ligações da monarquia britânica à escravatura, informou o Palácio de Buckingham, nesta quinta-feira, depois de uma reportagem do The Guardian afirmar que um documento mostrava uma ligação histórica com um comerciante de escravos transatlântico.

O jornal britânico escreve que um documento de arquivo descoberto pela historiadora Brooke Newman revela que, em 1689, o rei Guilherme III recebeu mil libras em acções da Royal African Company (RAC), que estava envolvida no transporte de milhares de escravos de África para a América.

O documento, recém-descoberto, está assinado por Edward Colston, um magnata do comércio de escravos cuja história se tornou amplamente conhecida após a sua estátua, em Bristol, Sudoeste de Inglaterra, ter sido derrubada durante os protestos do movimento Black Lives Matter, em 2020.

“Esta é uma questão que sua majestade leva profundamente a sério”, lê-se na declaração do Palácio de Buckingham.

A questão da escravatura do Império Britânico e os apelos para reparações da monarquia têm vindo a crescer nas Caraíbas, onde Carlos permanece Chefe de Estado de vários países, incluindo a Jamaica e as Bahamas.

O Palácio de Buckingham disse que a família real planeia apoiar um projecto de investigação independente que escrutine quaisquer ligações entre a monarquia e a escravatura, durante os finais dos séculos XVII e XVIII, permitindo o acesso à Colecção Real e ao Arquivo Real.

O Palácio destacou um discurso que Carlos fez aos líderes da Commonwealth, em Junho passado, durante o qual afirmou: “Não posso descrever a profundidade do meu pesar pessoal pelo sofrimento de tantos, pois continuo a aprofundar a minha própria compreensão do impacte duradouro da escravatura.” Um processo que foi continuado com “vigor e determinação”, depois de Carlos suceder à sua mãe no trono, em Setembro último.

O envolvimento da família real com a escravatura marcou a digressão de William, o príncipe herdeiro, às Caraíbas, em Março do ano passado.

“Dada a complexidades das questões, é importante explorá-las o mais minuciosamente possível”, garante, agora, a declaração do Palácio. “Espera-se que a investigação seja concluída em Setembro de 2026.”