Ucrânia lança app para encontrar crianças perdidas na guerra

A Reunite Ukraine foi desenvolvida pelo governo ucraniano e pela empresa norte-americana Find My Parent. O download vai ser gratuito, diz o chefe-adjunto da Polícia Nacional.

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Mais de 19 mil crianças foram deportadas para a Rússia desde o início, em Fevereiro de 2022 Manuel Roberto

A Ucrânia lançou uma aplicação de telemóvel, esta quinta-feira, com o objectivo de ajudar a encontrar crianças que desapareceram durante os mais de 13 meses desde a invasão russa, diz a Polícia Nacional ucraniana, citada pela agência Reuters.

Kiev estima que 19.544 crianças foram deportadas para a Rússia durante a invasão. Destas, só 328 voltaram. Moscovo, que controla territórios no Leste e Sul da Ucrânia nega ter raptado crianças e alega que elas foram levadas para ficar em segurança.

A Ucrânia juntou forças com a companhia de tecnologia norte-americana Find My Parent para desenvolver a aplicação Reunite Ukraine (Reunir a Ucrânia) que ajudará a reunir famílias separadas durante o conflito, disse Oleksander Fatsevych, chefe-adjunto da Polícia Nacional.

"É um dos instrumentos para encontrar crianças e as reunir com as famílias", afirmou. "Se encontrarmos, dessa forma, uma criança que seja, ou se reunirmos uma família, já será uma pequena vitória. Mas passo a passo, vamos conseguir fazer as crianças regressarem a casa.

A aplicação é de download gratuito e fácil de operar, diz Fatsevych. Inclui vários níveis de verificação de identificação, por segurança. A Polícia vai confirmar os perfis pessoais e agir como intermediário para permitir a comunicação através da aplicação.

Os utilizadores podem registar-se através do e-mail ou do número de telefone. Depois de verificada a geolocalização, o utilizador deve preencher um formulário com informações sobre a criança desaparecida como o nome e a nacionalidade. A aplicação, com recurso a inteligência artificial, tenta depois corresponder a informação inserida às crianças.

A aplicação vai permitir à polícia recolher dados de forma mais segura, incluindo de pessoas da Rússia, Bielorrússia ou de territórios ocupados, que queiram ajudar as crianças ucranianas.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, no mês passado, um mandado de captura para o Presidente russo, Vladimir Putin, e para a comissária para os direitos das crianças, acusando-os de raptarem crianças da Ucrânia.

Moscovo não escondeu o programa sob o qual levou milhares de crianças ucranianas de áreas ocupadas para a Rússia, mas apresenta-o como uma campanha humanitária para proteger órfãos e crianças abandonadas em zonas de conflito.

A comissária para os direitos das crianças, Maria Lvova-Belova, afirmou esta semana que a Rússia aceitou mais de cinco milhões de refugiados da região do Donbass, na Ucrânia, incluindo 730 mil crianças com pais ou guardiões legais, desde Fevereiro de 2022.

A Rússia não reconhece a jurisdição do TPI e considerou o mandado nulo e sem efeito.