Campanha eleitoral de Trump vai seguir paralelamente ao processo em tribunal

A Constituição dos EUA não impede ninguém de ser eleito mesmo se for condenado por um crime. O Supremo Tribunal estabeleceu a jurisprudência em 1969.

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Um apoiante de Trump agita uma bandeira em apoio do ex-Presidente em frente ao Tribunal de Manhattan AMANDA PEROBELLI/Reuters

Como os processos criminais no tribunal distrital de Manhattan costumam demorar mais de um ano até chegarem a julgamento, além de os Estados Unidos terem pela primeira vez um Presidente acusado de crimes, os norte-americanos vão, ao que tudo indica, passar pela experiência de ter um candidato à presidência que ao mesmo tempo tem de responder em tribunal.

É até provável que a eleição presidencial de 2024 aconteça sem antes estar resolvido o julgamento de Donald Trump. Como refere a Reuters, os norte-americanos poderão até vir a eleger um chefe de Estado condenado por um crime e essa condenação não o impediria de chegar à Casa Branca.

Os critérios para a candidatura à presidência dos EUA estão expressos na Constituição. Se o candidato for um cidadão nascido nos EUA, com pelo menos 35 anos e viver há pelo menos 14 anos no país, não pode ser impedido de concorrer, tal como interpretou o Supremo Tribunal em 1969, quando decidiu que nem o Congresso pode “acrescentar qualificações” às exigidas constitucionalmente.

Também é preciso ver se a acusação tem pernas para andar e chegar mesmo a uma condenação. O facto de o ex-advogado de Trump Michael Cohen ser a principal testemunha do processo – foi ele que confessou ter pago a Stormy Daniels os 130 mil dólares acordados pelo silêncio da actriz de filmes pornográficos com quem Trump teria tido uma relação extraconjugal – é um trunfo e uma fragilidade: a fiabilidade do testemunho pode ser posta em causa pela defesa pois Cohen foi condenado por mentir em tribunal.

Ao contrário do passado, em que um escândalo com uma amante ou um processo em tribunal (Trump tem quatro) tornariam quase impossível o sucesso de um candidato, neste caso o ex-Presidente conta que o julgamento venha a dar um impulso à sua candidatura e deixe, para já, os adversários ou potenciais adversários no Partido Republicano sem hipótese de disputar a nomeação.

Esse será o primeiro passo, o seguinte será como reverter o facto de 60% dos eleitores norte-americanos não o quererem ver de novo na Casa Branca, como referia recentemente uma sondagem da NPR, e 43% acharem que deveria suspender a sua campanha, no entender dos inquiridos na sondagem da ABC publicada esta semana.

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