PSD apela a Governo que devolva lucros “imorais” da inflação

Sociais-democratas insistem na proposta de um programa de emergência social e de um programa de regularização de dívidas. E recusam limitar margens de lucro das retalhistas como propôs o Chega.

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Vice-presidente do PSD desafia Governo a olhar para as propostas do PSD e dar respostas aos problemas das famílias. daniel rocha

O vice-presidente do PSD Pedro Duarte desafiou o Governo a devolver aos portugueses os lucros "imorais" que o Estado está a ganhar à conta da subida da inflação, mas demarcou-se do Chega na questão da limitação das margens de lucro da distribuição. O social-democrata argumenta ser "prematuro defender uma medida dessa natureza" que até pode "prejudicar o funcionamento do mercado".

Em conferência de imprensa depois da reunião da comissão política nacional do PSD, cujo tema principal foi o aumento do custo de vida, Pedro Duarte defendeu a necessidade de o Governo tomar medidas para contrariar a inflação e o empobrecimento do país. O vice-presidente salientou a proposta de Luís Montenegro de um "novo programa de emergência social no curto prazo, financiado através de um programa especial e excepcional de regularização de dívidas", sobre o qual o PSD entregou um projecto de lei no Parlamento.

Pedro Duarte defendeu que o Governo deve "devolver a receita adicional" que está a amealhar por via da inflação. Para isso, "é preciso saber qual o aumento da receita fiscal proveniente da inflação". Porque, justifica, "não é moral que o Governo esteja a ganhar dinheiro com a inflação que prejudica as pessoas".

"O Governo tem que criar medidas de controlo e reforço da fiscalização para saber o que está a acontecer com lucros indevidos e imorais (...), mas quem está objectivamente a ganhar e muito é o Estado", insiste.

Que, além de não devolver a receita fiscal extraordinária às famílias, também não a aplica nos serviços públicos, e a prova está na situação em que se encontram, por exemplo, a saúde e a educação. Sectores onde "o Estado está a fraquejar", não tem tido "condições para responder" e o Governo PS tem acumulado "erros consecutivos ao longo destes sete anos".

Apesar do "discurso mais simpático" com os profissionais de alguns sectores, continuou numa referência aos professores e à sua reivindicação de contagem da totalidade do tempo de serviço congelado, "ninguém conhece uma medida que esteja a dar resultado".

"É claramente um Governo esgotado e sem capacidade para resolver os problemas do país", realçou Pedro Duarte, apesar dos avisos de Luís Montenegro, "desde há um ano", para o problema da inflação. "A proposta do vale para bens essenciais mostra-se agora particularmente pertinente para a vida dos portugueses", vinca o dirigente social-democrata lamentando a acusação dos socialistas de que se tratava de um "acto de caridade".

Questionado sobre se o PSD concorda com a imposição de uma limitação da margem de lucro sobre o sector da distribuição, como o Chega propõe (de 15%), Pedro Duarte justificou que para mexer nessa área é preciso ter acesso a informação de que os partidos da oposição não dispõem.

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