Ucrânia acusa russos de executarem um prisioneiro de guerra

Vídeo de aparente fuzilamento de soldado desarmado gera indignação na Ucrânia, que promete fazer justiça. Execução sumária de prisioneiros é um crime de guerra.

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Captura de ecrã do vídeo em que o soldado é alegadamente abatido DR

As Forças Armadas da Ucrânia dizem ter identificado o homem que aparece num vídeo aparentemente a ser executado por alguém que fala com ele em russo.

A 30.ª Brigada Mecanizada afirma que se trata de Tymofy Shadura, um soldado daquela unidade que estava dado como desaparecido desde 3 de Fevereiro na zona de Bakhmut, onde continua a decorrer a batalha mais importante deste momento da guerra. “Actualmente, o corpo do nosso militar está no território temporariamente ocupado. A confirmação final da [identidade da] pessoa será feita depois da devolução do corpo e dos exames relevantes”, lê-se num comunicado da brigada publicado no Telegram e citado pela RFE.

O vídeo divulgado nas redes sociais mostra um homem aparentemente desarmado no meio de um bosque. Está vestido com um uniforme militar com bandeira ucraniana e tem um cigarro na boca. Diz “Glória à Ucrânia!” e, de seguida, ouve-se uma rajada de tiros, cuja proveniência não é filmada. Segundo a Reuters, ouve-se uma voz que diz “morre, cabrão” em russo.

À luz da Convenção de Genebra, que estabelece que “os membros das Forças Armadas que tenham deposto as armas” serão “tratados com humanidade” e que proíbe “as execuções efectuadas sem prévio julgamento”, o vídeo poderá ser a prova de um crime de guerra, a confirmar-se que se tratou da execução de um prisioneiro de guerra.

O procurador-geral da Ucrânia, Andrii Kostin, anunciou a abertura de um inquérito judicial. “Até a guerra tem as suas leis. Há regras da lei internacional que são sistematicamente ignoradas pelo regime criminoso russo. Mas mais cedo ou mais tarde haverá punição”, prometeu.

Depois da divulgação do vídeo, na segunda-feira, o Presidente ucraniano garantiu que as autoridades “encontrarão os assassinos” e homenageou o soldado. “Quero que todos juntos respondamos às suas palavras: ‘Glória ao herói. Glória aos heróis. Glória à Ucrânia’”, disse Volodymyr Zelensky.

Nas redes sociais começaram também a circular centenas de homenagens a Tymofy Shadura, incluindo desenhos estilizados e promessas de que a sua morte será vingada.

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmitro Kuleba, disse ser “imperioso” o Tribunal Penal Internacional “lançar uma investigação imediata a este odioso crime de guerra”, que descreveu como “mais uma prova de que esta é uma guerra genocida”.

Karim Khan, o procurador deste tribunal que funciona em Haia, acaba de fazer mais uma visita à Ucrânia, onde diz que esteve para recolher indícios de alegados crimes de guerra. “Aquilo que precisamos de fazer, como tribunal, é certificar-nos de que as nossas investigações são independentes, credíveis e baseadas em provas que superem o teste do tempo. Para o bem e para o mal, há muitas coisas inéditas neste conflito”, disse à CNN.

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