Putin apelida a Guerra na Ucrânia de “batalha pela sobrevivência da Rússia”
Um ano depois de dar ordem para o início da invasão da Ucrânia, Putin está cada vez mais a caracterizar a guerra como um momento decisivo na história russa e a dizer que o povo russo está em perigo.
O Presidente russo, Vladimir Putin, classificou a guerra na Ucrânia como uma "batalha existencial pela sobrevivência da Rússia e do povo russo" e disse que foi forçado a ter em conta as capacidades nucleares da NATO.
Um ano depois de dar ordem para o início da invasão da Ucrânia, Putin está cada vez mais a caracterizar a guerra como um momento decisivo na história russa — e a dizer que acredita que o próprio futuro da Rússia e do seu povo está em perigo.
"Eles têm um objectivo: dissolver a antiga União Soviética e a sua parte fundamental, a Federação Russa", disse Putin à televisão estatal Rossiya 1 numa entrevista gravada na quarta-feira, mas divulgada este domingo.
A NATO e o Ocidente descartam tal narrativa, dizendo que o seu objectivo é ajudar a Ucrânia a defender-se contra um ataque não provocado.
Putin disse que o Ocidente quer dividir a Rússia e depois controlar o maior produtor mundial de matérias-primas, um passo que, garantiu, pode levar à destruição de muitos povos da Rússia, incluindo a maioria étnica russa.
O Presidente russo disse que os planos do Ocidente foram colocados em papel, mas não especificou em que moldes.
Os Estados Unidos negaram qualquer desejo de destruir a Rússia, enquanto o Presidente Joe Biden alertou que um conflito entre a Rússia e a NATO poderia desencadear a terceira Guerra Mundial, embora também tenha dito que Putin não deve permanecer no poder.
Putin, por sua vez, afirmou que as dezenas de milhões de dólares em assistência militar dos EUA e da Europa à Ucrânia mostram que a Rússia agora enfrenta a própria NATO — o pesadelo da Guerra Fria dos líderes soviéticos e ocidentais.
A Ucrânia diz que não vai descansar até que todos os soldados russos sejam expulsos da Ucrânia, inclusive da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.
Um conflito prolongado
Este enquadramento existencial da guerra que Putin está a fazer permite que o chefe do Kremlin de 70 anos prepare o povo russo para um conflito muito mais profundo e prolongado, ao mesmo tempo que também lhe possibilita uma liberdade muito maior nos tipos de armas que poderá usar.
A doutrina nuclear oficial do Kremlin permite o uso de armas nucleares se estas — ou outros tipos de armas de destruição em massa — forem usadas contra a Rússia e coloquem em risco "a própria existência do Estado".
Putin sinalizou que está pronto para destruir a arquitectura do controlo de armas nucleares – incluindo a moratória das grandes potências sobre testes nucleares –, a menos que o Ocidente recue na Ucrânia.
Na terça-feira, procurou enfatizar a determinação russa na Ucrânia, suspendendo um tratado histórico de controlo de armas nucleares, anunciando que novos sistemas estratégicos foram colocados em combate e alertando que Moscovo poderia retomar os testes nucleares.
Putin afirmou também que a Rússia só retomaria estas discussões quando as armas nucleares francesas e britânicas também fossem consideradas.
A Rússia, que herdou as armas nucleares da União Soviética, tem o maior stock de ogivas nucleares do mundo. Tem mais ogivas do que Estados Unidos, França e Reino Unido juntos, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos.
"Nas condições de hoje, quando todos os principais países da NATO declararam que o seu principal objectivo é infligir-nos uma derrota estratégica para que o nosso povo sofra, como dizem, como é que podemos ignorar as suas capacidades nucleares?", disse Putin, acrescentando que a maior vitória do ano passado foi a união do povo russo.