Jornalista russa condenada a seis anos de prisão por denunciar massacre em Mariupol

O tribunal de Barnaul, cidade na Sibéria, determinou que Ponomarenko é culpada pela partilha de fake news, neste caso no Telegram.

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Fotografia de Maria Ponomarenko, divulgada pelo SOTA, órgão de comunicação social independente na Rússia SOTA

A jornalista russa Maria Ponomarenko foi hoje condenada a seis anos de prisão por divulgar nas redes sociais o bombardeamento do Teatro Drama, em Mariupol, onde morreram centenas de civis que usavam o espaço como abrigo.

O tribunal de Barnaul, cidade na Sibéria, determinou que Ponomarenko é culpada pela partilha de fake news, neste caso no Telegram, ao abrigo da legislação russa que limita a liberdade de expressão e informação sobre a guerra na Ucrânia, designada no país como "operação militar especial".

A jornalista foi presa em Abril de 2022 e enviada para um centro de detenção em São Petersburgo, semanas após o teatro ser bombardeado, por afirmar que teriam sido as tropas russas a lançar o ataque — segundo a acusação, "informação deliberadamente enganosa".

"Se tivesse cometido um verdadeiro crime, seria possível pedir clemência; assim, devido às minhas qualidades éticas e morais, não o faço", declarou Ponomarenko, antes de conhecer a sentença. "Nunca nenhum regime totalitário foi tão forte como antes do seu colapso", avisou ainda.

De acordo com o advogado que a representa, a jornalista tem enfrentado problemas de saúde mental nos últimos meses em que esteve detida, comparando as condições em que vivia a tortura.

Apesar de o Kremlin negar a autoria do ataque, tanto a Amnistia Internacional como a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa concluíram que este foi um crime de guerra cometido pelas forças de Moscovo.

Neste espaço onde se estima que estivessem até 1200 pessoas, morreram também dezenas de crianças. No exterior do teatro, lia-se a palavra "crianças" pintada no chão, escrita em russo, num alerta, já que as letras gigantes eram visíveis do céu.

Maria Ponomarenko cumprirá a pena mais pesada atribuída a um jornalista russo desde o início da guerra na Ucrânia, sob a legislação que censura o discurso sobre a invasão. Fica também proibida de exercer a sua profissão durante cinco anos, segundo confirmou a RusNews, órgão de comunicação social para o qual trabalhava.

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