Morreu Tomás, o menino português conhecido por Batazu, que sofria de leucemia, informou a família através da rede social Instagram, nesta quinta-feira. “O nosso filho já não está entre nós e partiu sem sofrer!”, escreveram dando conta de que o menino de 11 anos morreu na quarta-feira, 8 de Fevereiro.
“Deu-nos uma lição de vida de como estar sempre alegre e pronto para lutar”, acrescentaram os pais, num vídeo partilhado, onde mostram algumas memórias dos últimos meses de Tomás, que estava a receber tratamento num hospital em Pequim, China.
Na mesma publicação, os pais recordam as últimas palavras de Tomás, “com um toque de génio”: “O pai e a mãe são os meus gummy bears.” Palavras que, sublinham, foram de amor.
Há alguns meses, os pais do menino pediram ajuda para voltarem a integrar o filho num ensaio clínico com a cura em vista, depois de um diagnóstico de leucemia terminal. Os portugueses uniram-se e angariaram 350 mil euros em apenas quatro dias.
Inicialmente pensou-se que a doença ficaria curada com o transplante de medula, tendo como dadora uma das irmãs. Tomás tinha três irmãos, Mariana, de 9, Carlota, de 7, e Francisco, de 3. Mas antes de conseguirem fazer a cirurgia, chegaram as más notícias: a doença tinha voltado e o transplante foi “cancelado indefinidamente”.
Os médicos determinaram que Tomás passasse a cuidados paliativos, mas o pai, Tomás Lamas, que é médico intensivista nos cuidados intensivos do Hospital Egas Moniz e no CUF Tejo, ambos em Lisboa, não cruzaria os braços. Nas redes socais, a família pediu ajuda para incluir o menino num ensaio clínico na China.
Através do Instagram, onde reuniam mais de 40 mil seguidores, iam mostrando o processo do tratamento. E há sete dias, “a primeira vez” que saíram do hospital, culpa dos sucessivos confinamentos, mostraram-se a comprar ingredientes para fazer uma canja para o menino, de forma a ajudar a regularizar o trânsito intestinal”.
Estava a fazer quimioterapia para controlar a leucemia, enquanto esperava que as células CAR-T crescessem para depois atacarem a doença. Não se sabe se tal terá mesmo acontecido e, nesta quinta-feira, chegaram as notícias mais temidas: Tomás morreu.
Nos comentários da publicação são centenas os que desejam força à família portuguesa e são muitos os que se dizem de “coração apertado” com a triste notícia. “Só nos resta lembrar com carinho o sorriso do Tomás e o amor da vossa família”, escreve uma utilizadora.
Tinha 11 anos quando recebeu o prognóstico de doença terminal. Quando o menino foi diagnosticado com leucemia mielóide aguda, o pai confessa ter ficado chocado, contou ao PÚBLICO, em Novembro passado. Tomás queixava-se de dores de ouvido e apresentava uma febrícula, o que levou os pais a pensarem que seria uma otite.
“Uma segunda de manhã, foi para a escola e a professora liga a dizer que ele tinha um alto na cara. A mãe foi lá buscá-lo e seguiu para Hospital de Santa Maria [em Lisboa]. Assim que veio o resultado do hemograma percebeu-se. Foi o primeiro embate”, contou Tomás Lamas.
O filho fez quimioterapia e, não obstante as complicações, a doença entrou em remissão, com a família confiante de que o caso se viria a incluir na fatia de 60% de sucesso. Mas, ao fim de alguns meses, num exame de rotina, “acabámos por ter a má notícia de que a doença tinha voltado”, disse.
A esperança estava nas células CAR-T e na China, mas não foi suficiente. Tomás Lamas, Batazu, nasceu a 11 de Novembro de 2011 e morreu a 8 de Fevereiro de 2023. Deixa os pais e três irmãos mais novos. "Vamos ter muitas saudades das tuas malandrices e traquinices! Vamos ter saudades de vires à nossa cama! Vamos ter saudades dos teus sonhos e objectivos, de ir aos restaurantes preferidos! Vamos ter saudades de tudo!", termina a publicação.
