Alexandria Ocasio-Cortez alvo de investigação ética. Met Gala será o motivo

As regras da Câmara dos Representantes determinam que os congressistas não podem aceitar presentes, nem usar coisas emprestadas. Ocasio-Cortez esteve no Met Gala em 2021 e usou um vestido emprestado.

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Na parte de trás do vestido podia ler-se "Tax the Rich" EPA/JUSTIN LANE
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Alexandria Ocasio-Cortez com um vestido Brother Vellies, acompanhada por Aurora James, a designer da marca Reuters/MARIO ANZUONI

Quando Alexandria Ocasio-Cortez desfilou, em 2021, na passadeira vermelha do Met Gala, com um vestido que dizia Tax the Rich (“taxem os ricos”, em tradução livre), soube-se de imediato que era uma imagem que ficaria para a história, sobretudo pela mensagem política. Mas a congressista estaria longe de imaginar que a presença no evento mais exclusivo da moda custaria tão caro: uma investigação ética.

Alexandria Ocasio-Cortez (AOC) está a ser investigada por questões éticas, por alegadamente ter quebrado as regras do Congresso norte-americano, que dizem que qualquer congressista não pode aceitar presentes. O vestido que usou, justificou-se então, tinha sido emprestado pela designer Aurora James, da marca Brother Vellies. É difícil pedir cabeleireiro e maquilhagem emprestados, mas Ocasio-Cortez explicou que também tinham sido uma oferta.

A antecipar as reacções e os comentários imediatos que a criticaram por usar um vestido a dizer Tax the Rich num evento repleto de algumas das personalidades com mais dinheiro nos Estados Unidos, a política lembrou o motivo por que teria marcado presença na inauguração da nova exposição do Metropolitan Museum of Art. Os congressistas eleitos por Nova Iorque, esclareceu, são convidados para a gala e faz parte das suas responsabilidades “supervisionar as instituições culturais que servem o público”.

Mesmo que a congressista tenha usado um vestido emprestado, tal viola as regras do Congresso, assegura Kendra Arnold, directora executiva da Fundação para a Responsabilidade e Confiança Civil, citada pela revista Forbes: “Emprestar não é permitido e a principal razão é porque essa pode ser uma forma de fugir às normas éticas.” Quando alguém diz que teve algo emprestado, defende, “é indicativo de que terá sido um presente”.

Não é a primeira vez que ir ao Met Gala causa problemas a políticos norte-americanos. A republicana Carolyn Maloney também foi alvo de investigação por ter marcado presença no evento de luxo. Mas Maloney conseguiu justificar a sua presença, mostrando recibos da compra dos vestidos usados em 2018, 2019 e 2021, bem como da maquilhagem e cabelo.

Uma atitude que Ocasio-Cortez não poderá mimetizar, já que admitiu desde o início que tinha sido tudo emprestado. A porta-voz da congressista, Lauren Hitt, recusou-se a comentar detalhadamente o tema: “O comunicado do comité de ética não comentava os motivos da investigação e então, por respeito ao processo em andamento, também não o faremos.” AOC estará a colaborar com a investigação, confirmou.

Quanto a se o vestido foi mesmo emprestado, a criadora da peça Aurora James também não comenta o tema, tal como os responsáveis pelo cabelo e maquilhagem. Por seu lado, Anna Wintour, directora da revista Vogue norte-americana e anfitriã do evento, escusou-se igualmente a tecer quaisquer declarações. A publicação terá mostrado, em vídeo, os bastidores dos preparativos de AOC para a festa.

Se Alexandria Ocasio-Cortez tivesse pagado pelo vestido, pelo cabelo e pela maquilhagem, tal também não seria suficiente para cessar as críticas, que a acusavam de se deixar deslumbrar pelo mundo dos ricos, sobre o qual é tipicamente tão crítica — um bilhete para o evento chega a custar 35 mil dólares.

Sobretudo porque ir ao Met Gala, assegura Tom Jones, fundador da Fundação Americana da Responsabilização, não faz parte das funções de um membro da Câmara dos Representantes. O especialista lembra que poderá ser importante ajudar a comunidade por que se foi eleito, por exemplo voluntariando-se em bancos alimentares, mas não na ida a uma “gala ouvir estrelas de rock”.

Normalmente, são convidados para o evento personalidades políticas de Nova Iorque, como o presidente da câmara ou entidades de segurança, mas não membros do Congresso. A lista de convidados dos últimos anos não mostra quaisquer membros da Câmara dos Representantes, à excepção de Carolyn Maloney e Alexandria Ocasio-Cortez. Todos os participantes do evento são convidados oficialmente por Anna Wintour e são tipicamente uma surpresa até à hora do evento.

Maloney deixou de ser congressista no ano passado, mas AOC mantém-se em funções, o que leva a crer que a investigação ética continuará. O comité responsável prometeu actualizar em breve os resultados do inquérito.

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