Lula diz que tentativa de golpe foi uma “revolta dos ricos que perderam a eleição”
Num discurso na tomada de posse do novo presidente do Banco de Desenvolvimento, o chefe de Estado brasileiro criticou os responsáveis pela invasão de 8 de Janeiro.
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, aproveitou esta segunda-feira o discurso na tomada de posse do novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento do Brasil (BNDES), Aloizio Mercadante, para voltar a criticar os responsáveis pelos ataques golpistas de 8 de Janeiro, em Brasília.
"O que aconteceu no Palácio do Planalto, no Congresso e no STF [Supremo Tribunal Federal] foi uma revolta dos ricos que perderam as eleições. Nós não podemos brincar, porque um dia o povo pobre pode se cansar de ser pobre e fazer as coisas mudarem nesse país", disse o chefe de Estado brasileiro.
Lula atribuiu os actos golpistas ao inconformismo da elite com a derrota do ex-Presidente Jair Bolsonaro nas eleições.
A Polícia Federal está a investigar os actos para identificar os participantes, os financiadores e os fomentadores dos ataques às sedes dos três poderes, em Brasília.
O Presidente aproveitou para destacar novamente a importância do "equilíbrio social" juntamente com o equilíbrio fiscal, lembrando que há hoje 33 milhões de pessoas passando fome.
"Se nós decepcionarmos esse povo e eles pararem de acreditar em nós, não sei o que será desse país. Esse país não pode continuar sendo governado por uma parcela da sociedade, tem que ser governado para a maioria", acrescentou.
Lula voltou ainda a atacar a rede de desinformação ligada a Bolsonaro. Destacou que o BNDES, chamado de "caixa preta" pelo ex-Presidente, foi uma das vítimas das "mentiras" do antecessor.
O Presidente lembrou os apoios a obras de infra-estrutura em países vizinhos, em especial Cuba e Venezuela. E afirmou que Bolsonaro não quis cobrar as dívidas para ter um argumento para atacar os governos do Partido dos Trabalhadores.
"Outra grande mentira é que o BNDES dava dinheiro para outros países. O BNDES nunca deu dinheiro para governos amigos do Governo. O banco financiou serviços de engenharia brasileira para obras em 15 países da América Latina e do Caribe", explicou Lula.
"Os países que não pagaram, seja Cuba, seja Venezuela, não pagaram porque o Presidente [Bolsonaro] resolveu romper relações e não cobrar para poder ficar atacando a gente", concluiu.
Exclusivo PÚBLICO/Folha de S.Paulo