Num mês, grupo de jovens de Olhão agrediu 15 imigrantes
Um grupo de jovens, entre os 16 e os 19 anos, agrediu e roubou um cidadão nepalês de 26 anos, em Olhão, mas este não terá sido um caso isolado.
As autoridades policiais estão a investigar as agressões cometidas contra um cidadão nepalês, em Olhão, que se tornaram públicas através de um vídeo partilhado nas redes sociais. Contudo, o que aconteceu a 25 de Janeiro não foi um caso isolado. Segundo avançou a SIC, o grupo de jovens está envolvido em, pelo menos, oito situações de agressões a imigrantes.
Já foram identificados alguns dos suspeitos que terão sido responsáveis pelas violentas agressões a um imigrante nepalês de 26 anos. “Poderão ser identificados mais nas próximas horas ou dias”, adiantou este sábado, em declarações aos jornalistas, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
José Luís Carneiro descreveu ainda a “agressão bárbara” como um “comportamento inadmissível e inaceitável” que deve ser “exemplarmente punido”.
A vítima, há três meses em Portugal, teria acabado de sair do seu primeiro dia de trabalho em Olhão e estaria a caminho de casa, acompanhado por um colega. Ao passar a Rua Vasco da Gama, no centro da cidade algarvia, foram atacados por um grupo, “sete ou nove”, recordam.
Enquanto o colega conseguiu fugir, o nepalês de 26 anos foi violentamente agredido. Os atacantes derrubaram-no com pontapés, espancaram-no, bateram-lhe com um pau. Um deles tentou atear fogo ao cabelo da vítima com um isqueiro.
No vídeo em causa, os jovens usam capuzes e os seus rostos não são bem visíveis, mas imagens de videovigilância permitiram às autoridades reconhecê-los. São de Olhão, têm entre 16 e 19 anos e, ainda que a PSP não os tenha identificado formalmente a todos, na cidade já se sabe quem são.
Segundo avançou a SIC, que reuniu imagens gravadas por habitantes de Olhão e vários testemunhos de imigrantes a viver na cidade, no último mês o grupo terá sido responsável por oito agressões, sendo as vítimas 15 imigrantes de origem asiática. Os ataques costumam acontecer pelas 23h, quando as vítimas saem do trabalho.
O ministro da Administração Interna também confirmou que a PSP tem conhecimento de “outras circunstâncias equivalentes àquelas que se verificaram com este jovem”.
O presidente da Câmara de Olhão, António Pina, já apelou a uma iniciativa por parte das autoridades e diz ter receio de que se faça “justiça popular”. “Já quase toda a gente sabe quem são e começam a surgir grupos de pessoas disponíveis para tratar do assunto de forma oficiosa”, afirmou, em declarações à SIC. “É uma decisão do Ministério Público e do juiz, mas retirá-los da comunidade brevemente era importante, até para a segurança deles. A população olhanense não aceita aquilo.”
Além das reiteradas agressões, o grupo de jovens também roubou a mochila da vítima, enquanto esta, no chão, pedia que parassem de o agredir e lhe devolvessem, pelo menos, os documentos que tinha consigo.
“Sim, estamos a investigar [o caso]. Não houve denúncia, mas, como é um crime público, estamos a investigar”, confirmou à agência Lusa fonte das relações públicas do comando distrital de Faro da Polícia de Segurança Pública.