Taxa de juro dos depósitos em Portugal é a mais baixa da zona euro
Remuneração média dos depósitos até um ano foi de 0,35%, longe dos 2,29% de França e dos 1,44% de média na zona euro.
É tão baixa a remuneração dos depósitos a prazo em Portugal que o país fica mesmo em último lugar no ranking dos 19 países que em 2022 compunham a zona euro, segundo os dados do Banco de Portugal divulgados esta quinta-feira.
A taxa média dos depósitos ficou em 0,35% em Dezembro, muito longe dos 2,29% de França, dos 2,09% de Itália, ou mesmo da média de 1,44% da zona euro.
Com a taxa média de 0,35%, um depósito de mil euros a prazo rende, ao fim de 12 meses, 2,52 euros (líquidos). De notar que este cálculo tem subjacente a taxa de imposto em vigor em Portugal (28%).
Pela média da zona euro, da qual Portugal faz parte e à qual a Croácia passou a pertencer este ano, renderia 10,42 euros. E em França seriam 16,61 euros.
A pagar taxas de juro acima de 1,5% estão oito países, incluindo a Alemanha (1,59%).
Em Espanha – e os bancos do país vizinho têm uma forte presença em Portugal –, a taxa de juro média é de 0,64%, sensivelmente o dobro da portuguesa.
Perto de Portugal, mas ainda assim um bocadinho melhor, está a Grécia (0,36%) e Chipre (0,40%).
O montante dos novos depósitos a prazo dos particulares ascendeu em 2022 a 49.393 milhões de euros, acima dos 43.016 milhões registados em 2021.
Do montante dos novos depósitos constituídos, 88% foram aplicados em depósitos a prazo até um ano, remunerados, em Dezembro, a uma taxa média de 0,30% (0,04% em Dezembro de 2021). De referir que a taxa média dos 0,35% corresponde à média de todos os prazos de depósitos, e não apenas a 12 meses.
Já nos juros cobrados no crédito à habitação, a taxa mais do que triplicou em relação a 2021, subindo de 0,83% em Dezembro de 2021 para 3,24% em Dezembro de 2022.
Questionado sobre a baixa remuneração da poupança das famílias, numa altura de forte subida das taxas do crédito à habitação, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, reconheceu, recentemente, que a subida da remuneração dos depósitos “é insuficiente”, referindo, no entanto: "Devemos ter alguma paciência." O antigo ministro das Finanças justificou “a paciência” com o período em que as taxas Euribor, presentes na maioria dos empréstimos à habitação, estiveram negativas.
Já João Leão, que liderou o Ministério das Finanças depois da saída de Mário Centeno, defendeu que o banco público, a Caixa Geral de Depósitos, “devia ter um papel importante de ir aumentando a remuneração dos depósitos, porque é nesse sentido que o mercado estaria a funcionar de forma mais regular”.
A baixa remuneração dos depósitos e a subida da taxa dos certificados de aforro explicam o aumento de subscrições neste último produto, nos últimos meses.