Transparência Internacional acusa Bolsonaro de criar o “maior esquema de corrupção institucionalizada”
O mandato de Jair Bolsonaro “foi marcado pelo desmantelamento de estruturas anticorrupção que levaram dezenas de anos a construir”, diz ONG.
O Brasil subiu em 2022 dois lugares no Índice de Percepção da Corrupção, segundo um relatório da Transparência Internacional divulgado esta terça-feira, que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro de ter criado "o maior esquema de corrupção institucionalizada" de sempre no país.
Na edição deste ano do Índice de Percepção da Corrupção (CPI, na sigla em inglês), elaborado pela organização não-governamental (ONG) Transparência Internacional, o Brasil alcançou os mesmos 38 pontos, numa escala que vai dos zero aos 100, que tinha obtido em 2021.
Segundo aquela ONG, o mandato de Jair Bolsonaro (2019-2023) “foi marcado pelo desmantelamento de estruturas anticorrupção que levaram dezenas de anos a construir”.
A Transparência Internacional considera que o Governo de Bolsonaro “criou o maior esquema de corrupção institucionalizada já conhecido no Brasil, conhecido como ‘orçamento secreto’".
“Com este esquema, milhares de milhões de reais serviram para favorecer aliados políticos, com impacto grave nas políticas de saúde, educação e infra-estrutura”, destaca.
Segundo o relatório, “a combinação entre corrupção, autoritarismo e retracção económica” mostrou-se “especialmente volátil” no país.
Considerado como um país a acompanhar em 2023, a Transparência Internacional destaca que o actual Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o seu Partido dos Trabalhadores “ainda não apresentaram um plano concreto de combate à corrupção para o futuro, nem definiram como restabelecerão a autonomia de instituições-chave, como Procuradoria-Geral da República, Polícia Federal e órgãos ambientais”.
A tendência do Brasil nos últimos cinco anos traduziu-se numa subida de três pontos, mas considerando os últimos 10 anos, perdeu cinco.
O CPI foi criado pela Transparência Internacional em 1995 e é, desde então, uma referência na análise do fenómeno da corrupção, a partir da percepção de especialistas e executivos de negócios sobre os níveis de corrupção no sector público.
Trata-se de um índice composto, ou seja, resulta da combinação de fontes de análise de corrupção desenvolvidas por outras organizações independentes, e classifica 180 países e territórios numa escala de zero (percepcionado como muito corrupto) a 100 pontos (muito transparente).
Em 2012, a organização reviu a metodologia usada para construir o índice, de forma a permitir a comparação das pontuações de um ano para o seguinte.