Beja e Alverca entram na corrida ao novo aeroporto de Lisboa
“Neste momento, estamos abertos a receber propostas de entidades ou de grupos com interesse em colocar propostas de desenvolvimento. Numa primeira fase, analisamos todas”, diz a Comissão Técnica.
Beja e Alverca entraram na lista de possíveis localizações para o novo aeroporto de Lisboa, depois de propostas à Comissão Técnica Independente (CTI) responsável pela avaliação ambiental estratégica, que as vai analisar, revelou uma das coordenadoras desse órgão.
"Vamos analisar outras opções que, entretanto, também já nos chegaram como propostas [...] e a resolução do Conselho de Ministros previa isso, que nós decidíssemos que outras propostas iríamos analisar e, portanto, vamos analisar também, pelo menos mais Alverca e mais Beja, que já nos chegaram", disse Rosário Macário, da CTI.
Esta entidade é coordenada por Rosário Partidário e tem seis coordenadores técnicos na equipa, um dos quais é Rosário Macário, especialista em Planeamento e Operação de Sistemas de Transportes, responsável pela coordenação da área de planificação aeroportuária.
Criada no final de 2022, e instalada no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa, a CTI está neste momento a ouvir "todas as entidades com relevância para o assunto", para chegar a um conjunto de critérios que "servirão para analisar as hipóteses", explicou Rosário Macário.
"Neste momento, estamos abertos a receber propostas de entidades ou de grupos com interesse em colocar propostas de desenvolvimento e que iremos analisar. Numa primeira fase, analisamos todas com um conjunto de critérios, depois o resultado dessa primeira fase será ficarmos com um número reduzido de alternativas que serão depois avaliadas com maior profundidade", sublinhou a mesma responsável, professora do Instituto Superior Técnico (IST).
A resolução do Conselho de Ministros aprovada em 2022 definia a constituição de uma CTI para analisar cinco hipóteses para a solução aeroportuária de Lisboa (Portela + Montijo; Montijo + Portela; Alcochete; Portela + Santarém; Santarém), e previa que pudessem ser acrescentadas outras opções.
Segundo a coordenadora técnica, nas próximas semanas os proponentes de todas as alternativas vão apresentar os projectos em pormenor à CTI e à Comissão de Acompanhamento, liderada por Carlos Mineiro Aires.
"Até final de Março, iremos fazer a primeira avaliação e, portanto, a primeira fase vai terminar em Abril e a partir de Abril não haverá mais propostas", realçou Rosário Macário.
Os relatórios com as conclusões da CTI têm de estar fechados até Novembro, passando-se depois para a fase de discussão pública.
Faz sentido um aeroporto de Lisboa afastado da cidade, como, por exemplo, no caso de Santarém ou Beja, que ficam a mais de 80 quilómetros? Esta professora universitária aponta que a distância física não é o factor mais relevante.
"O mais relevante são sempre as acessibilidades em tempo e em alternativas para chegar à cidade a partir do aeroporto. Obviamente que não é desejável que seja muito longe, mas a distância em tempo é, digamos, o principal aspecto e isso depende da oferta que existe, dos modos de transporte e das soluções de deslocação", realçou.
Segundo Rosário Macário, qualquer uma das hipóteses "implica repensar acessibilidades". Outros factores a ter em conta na análise são o custo da infra-estrutura, os impactos gerados e o potencial de expansão.
"Estamos a trabalhar num horizonte de 50 anos e em 50 anos muita coisa muda, muda a tecnologia, muda muita coisa e, portanto, o custo, obviamente que é um factor relevante, mas não é o único factor", vincou ainda.
Questionada sobre se a capacidade de expansão é um factor que exclui a hipótese do Montijo, Rosário Macário disse que se trata de uma localização que "tem uma capacidade limitada, neste momento", mas "tudo depende do que possa vir a ser feito", não estando excluída. "Não está excluído, nem escolhido", anotou.
Construir um aeroporto de raiz demorará "dez, 12 anos ou talvez um bocadinho mais", a partir do momento em que se decida, até ao momento em que um novo aeroporto possa estar em pleno funcionamento, estima.
"Se olharmos para o desenvolvimento de aeroportos recentes, temos casos em que foram desenvolvidos em oito anos, dez anos, temos outros que levaram 18 e 20, portanto, tudo depende se houver problemas de carácter de contratação, de carácter de expropriação."