Morte de ministro em helicóptero é uma “terrível tragédia”, diz Zelensky
Um helicóptero despenhou-se contra um jardim-de-infância nos arredores de Kiev, matando 14 pessoas. Autoridades vão investigar, mas indícios apontam para acidente.
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O ministro do Interior da Ucrânia, Denis Monastirskii, morreu esta quarta-feira quando o helicóptero a bordo do qual seguia se despenhou sobre um jardim-de-infância nos arredores de Kiev. Outras 13 pessoas morreram, incluindo uma criança e membros da equipa ministerial, no que foi descrito pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como uma “terrível tragédia”, embora acidental.
O helicóptero, que iria transportar o ministro e a sua equipa para um local na linha da frente da guerra na região de Kharkiv, caiu na localidade de Brovari por volta das 8h30 (menos duas horas em Portugal continental). As testemunhas dizem que havia muito nevoeiro na altura do desastre. “Pegámos nas crianças e passámo-las por cima da vedação, para longe da creche, que estava em chamas”, disse à Reuters Hlib, um habitante de 17 anos.
As autoridades ucranianas abriram uma investigação para apurar as causas da queda do helicóptero, de fabrico francês, mas há vários indícios que apontam para que tenha sido um acidente e não fruto de um ataque russo. Algumas testemunhas dizem ter visto o helicóptero a aproximar-se do local onde acabou por se despenhar pouco antes de cair. A BBC analisou várias imagens do sítio onde o aparelho se despenhou e não identificou qualquer resto de projécteis, como mísseis ou drones.
Os serviços de segurança interna, o SBU, disseram que vão contemplar várias hipóteses, incluindo a possível quebra de regras de voo, problemas mecânicos com o helicóptero e um ataque intencional, mas avisaram que as investigações podem durar várias semanas.
O porta-voz da Força Aérea, Iurii Ihnat, disse que é ainda “muito cedo” para falar das possíveis causas para o desastre, mas observou que “infelizmente o céu não perdoa erros”.
O gabinete presidencial emitiu um comunicado em que descreve o incidente como uma “terrível tragédia” e cita Zelensky dizendo que “a dor é indescritível”. A intervenção remota do Presidente ucraniano junto do Fórum Económico Mundial de Davos foi precedida de um minuto de silêncio pelas vítimas da queda do helicóptero.
Perante a elite da economia e finança mundial, Zelensky recordou a forma como as potências mundiais “hesitaram” em apoiar a Ucrânia em 2014 quando a Rússia anexou a Crimeia para, uma vez mais, insistir na necessidade de fornecer armas e equipamento militar ao seu país. “O mundo não pode hesitar hoje, nem nunca”, afirmou.
“O fornecimento da Ucrânia com sistemas de defesa antiaérea deve ser mais rápido que os próximos ataques de mísseis da Rússia. A restauração da segurança e paz na Ucrânia deve ser mais rápida que os ataques da Rússia contra a segurança e a paz de outros países”, acrescentou Zelensky.
O Presidente polaco, Andrzej Duda, que discursou em Davos pouco depois de Zelensky, reiterou os apelos deixados pelo líder ucraniano, recordando que a Rússia “continua muito fortalecida”. “Temos receios de que estejam a preparar uma nova ofensiva dentro de alguns meses, portanto é crucial enviar mais apoio para a Ucrânia, especificamente tanques e mísseis modernos”, afirmou.
Em São Petersburgo, de visita a uma fábrica especializada na produção de sistemas antiaéreos, o Presidente russo, Vladimir Putin, voltou a dar garantias de que a chamada “operação militar especial” que decorre na Ucrânia há quase um ano tem corrido conforme o planeado e que “a vitória está assegurada”.
“Em termos de alcançar o resultado final e a vitória que é inevitável, há várias coisas (…), a unidade e coesão dos russos e dos povos multinacionais russos, a coragem e o heroísmo dos nossos soldados e, claro, o trabalho do complexo industrial-militar e das fábricas como a vossa e das pessoas como vós”, declarou Putin, citado pela Reuters.
Apesar do discurso triunfal do chefe de Estado russo, as operações militares na Ucrânia têm sido parcas em progressos. Recentemente, a ausência de resultados no campo de batalha levou a uma nova mudança no topo da cadeia de comando militar da Rússia no país vizinho.