Este Renault Austral é um híbrido familiar de encher o olho

Renault Austral e-Tech full hybrid 200, crossover familiar espaçoso, recheado de tecnologia e capaz de consumos contidos graças ao eficiente sistema híbrido, que a fiscalidade lusa não poupa.

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Com 200cv, o Renault Austral e-Tech full hybrid 200 acelera de 0 a 100 km/h em 8,4 segundos, atingindo uma velocidade máxima de 175 km/h DR

O Austral é provavelmente a mais bem conseguida aposta da Renault no segmento dos crossovers familiares, cuja aparência distinta e detalhes de design bem apurados fazem com que poucos lhe fiquem indiferentes. É o que se pode chamar um carro bonito — ainda que, claro, isto de gostos seja sempre muito subjectivo.

Também é proposto com um nível de equipamento bem recheado, quer em mimos, quer em termos de tecnologia, nomeadamente de segurança. Chega, porém, com dois desafios para se afirmar no mercado português: não tem versão plug-in, perdendo os incentivos fiscais que atraem empresas (os PHEV que cumprem pelo menos 50 km em modo eléctrico e que emitem menos de 50 g/km de CO2 conseguem reduções significativas de imposto e outras benesses que não abarcam os híbridos), e faz-se pagar. Com o motor e-Tech full hybrid 200, o Austral é proposto a partir de 41.700€. E, se não se pode falar em preço desajustado, tendo em conta o que oferece (já lá vamos), não deixa de estar num patamar difícil para que uma família o escolha.

Deixando os lamentos para trás, passe-se ao que interessa: ao que esta proposta híbrida se distingue das demais.

O Renault Austral assenta na plataforma CMF-CD da Aliança, uma estreia na Renault, que admite uma vasta gama de motorizações electrificadas. No caso do Austral, a marca francesa optou por restringir a gama a propostas híbridas: uma de hibridização suave, com um motor a gasolina de 1333 cc a ser apoiado por um pequeno motor de 12 V, nas declinações de 140 (desde 34.200€) e 160cv (desde 40.350€); e outra, full hybrid, que reúne um bloco tricilíndrico de 1,2 litros a gasolina e sobrealimentado a um motor eléctrico de 50 kW para gerar tracção e um segundo de 25 kW, que serve de motor de arranque e também apoia as regenerações.

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Renault Austral e-Tech full hybrid 200 dr

A bateria, de 2 kWh, não traz autonomia eléctrica, mas tem a função de acumular o desperdício de energia, resultante das travagens e da inércia, para baixar consumos e emissões: no nível de equipamento ensaiado, são anunciados 105 g/km de CO2 e um consumo médio em circuito misto de 4,7 l/100 km, o que não é difícil de cumprir, sobretudo se se for delicado nas acelerações. O que, tratando-se de um carro familiar, fará sentido.

Com 200cv, o crossover acelera de 0 a 100 km/h em 8,4 segundos, atingindo uma velocidade máxima de 175 km/h. Não são números referenciais no segmento em que se insere, mas tal não se pode assumir como um defeito: é ágil q.b., mesmo com os seus 4,5 metros de comprimento e 1,6 m de altura, e revela-se despachado o suficiente para ser bem-sucedido numa ultrapassagem que se deseje rápida. Com um bónus: o ruído do motor não incomoda e a caixa automática multimodo parece-nos equilibrada para o tipo de automóvel que é, que prima mais pela suavidade do que propriamente pelo dinamismo.

O temperamento brando volta a ser a nota dominante no que diz respeito à suspensão, com vantagens no conforto para a condução do dia-a-dia, mas que o pode tornar algo bamboleante em determinados percursos mais sinuosos.

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Renault Austral e-Tech full hybrid 200 dr
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Renault Austral e-Tech full hybrid 200 dr

Conforto para todos

Muito interessante é o facto de, por se servir da CMF-CD, ter sido equipado com suspensão multibraços na traseira o que, para a Renault, representou a possibilidade de incluir (num opcional de 1500€) quatro rodas direccionais, algo que ajuda nas curvas em velocidade (acima dos 50 km/h, as rodas de trás giram um grau no mesmo sentido), mas que também torna as manobras mais fáceis (a baixa velocidade, giram até 5º no sentido oposto). Resultado: na versão de duas rodas direccionais, o raio de viragem é de 11,2 metros; com as quatro, é de 10,1 m. E a nós parece-nos que estamos aos comandos de um carro muito menor do que é na realidade.

Claro que isso é só uma impressão. Em termos de espaço, o Austral chega com uma distância de 2,72 metros entre os dois eixos, que se traduz em conforto para todos os passageiros, independentemente de se sentarem à frente ou no banco traseiro. Aliás, na segunda fila é possível escolher entre dar mais espaço a passageiros ou a bagagem, com os bancos a deslizarem até 16 centímetros sobre calhas (a mala acomoda entre 430 e 555 litros).

E é no interior que se percebe que a Renault não olhou a poupanças para criar um ambiente distinto. No caso do modelo com equipamento Esprit Alpine (a partir de 46.850€), a percepção de boa qualidade e de conforto começa logo pelos bancos, de regulação eléctrica e com função de massagem à frente, sendo ainda de série aquecidos (o volante também, o que é um detalhe que nos conquista à medida que as temperaturas descem), com encostos de cabeça ajustáveis em altura.

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Renault Austral e-Tech full hybrid 200 dr

O sistema de infoentretenimento, cada vez mais relevante para quem procura automóvel novo, assenta num ecrã OpenR, que combina a apresentação dos dados do painel de instrumentos horizontal de 12’’, com os da navegação e sistema multimédia, integrando os serviços e aplicações da Google num ecrã táctil vertical também de 12’’, aos quais se pode juntar um head-up display de 9,3” (800€).

E a segurança não foi descurada: de série chega com praticamente o pacote completo, entre o alerta de obstáculo traseiro com travagem activa de emergência em manobras de marcha-atrás, o reconhecimento dos sinais de trânsito com aviso sempre que se entra em excesso de velocidade e alerta de ângulo morto e prevenção de saída da faixa de rodagem em ultrapassagem.

Uma gorda lista que pode ainda ser alimentada com vários opcionais, como o sistema de som Harman Kardon (950€), faróis matrix LED vision (900€) ou tecto panorâmico (800€).

Tudo junto coloca o Austral, de facto, num patamar bem acima do que se esperaria de um Renault de gama média. E, mesmo com a estranheza do preço, com tudo o que oferece, é difícil dizer que é caro.

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