Tesla baixa preços da noite para o dia: Model 3 custa menos dez mil euros

Tanto o Model 3 como o Model Y viram o seu preço baixar durante a última noite. A medida surge na semana em que o Guinness World Records registou Elon Musk como o maior perdedor de sempre.

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Na Europa, o Model 3 e o Model Y da empresa de Elon Musk têm estado entre os líderes de mercado Reuters/ALY SONG/arquivo

O Tesla Model 3 e o Model Y apresentam-se para 2023 com uma forte quebra no preço. O primeiro, que era comercializado desde 54.990 euros, passa a custar menos dez mil euros, reflectindo uma quebra de 18%, apresentando um preço de tabela, a partir desta sexta-feira, de 44.990 euros.

No que diz respeito ao Model Y, um SUV de tamanho médio, a descida é menor, mas ainda assim significante: de 49.990 para 46.990 euros, o que se traduz numa quebra de 6%.

A política de baixar os preços dos dois automóveis segue em linha com o facto de que “a produção local de veículos continua a aumentar”, explica-se em comunicado. “Ganhamos mais economias de escala a nível global”, o que levou a Tesla a decidir “tornar o Model 3 e o Model Y ainda mais acessíveis em toda a EMEA”, região que abarca a Europa, o Médio Oriente e África.

A medida surge na mesma semana em que o Guinness World Records, uma organização global que mantém um registo de todo o tipo de feitos recorde, regista Elon Musk, o CEO da Tesla, como o maior perdedor de sempre no que diz respeito à sua fortuna pessoal: desde Novembro de 2021, perdeu entre 183 e 200 mil milhões de dólares.

A Tesla, porém, não perde tempo com os desaires financeiros do seu CEO e prefere sublinhar que, na Europa, o Model 3 e o Model Y têm estado entre os líderes de mercado. Em Portugal, em 2022, o comunicado destaca que o Y foi o modelo BEV (eléctrico a bateria) mais vendido — de acordo com os dados da ACAP, a Tesla ficou em segundo lugar nas vendas dos 100% eléctricos.

Em termos de resultados, no ano passado, a marca salienta ter continuado “a avançar na missão de acelerar a transição do mundo para a energia sustentável”, congratulando-se por ter quebrado “recordes a nível mundial com entregas de veículos a crescer 40% para 1,31 milhões e a produção a aumentar 47% para 1,37 milhões”, comparativamente ao ano anterior. Isto, “apesar dos desafios significativos do ano passado”: “escassez de semicondutores, crise energética, restrições logísticas e outras perturbações relacionadas com a covid”.

A possibilidade de realizar uma redução de preço surgiu, explicam, da “melhoria contínua do produto através de engenharia e processos de fabrico originais” que “optimizou ainda mais a nossa capacidade de fazer o melhor produto por um custo líder da indústria”.

A baixa de preços da Tesla também pode ser uma resposta à chegada de mais marcas chinesas ao mercado europeu. Depois de anos a tentarem assentar arraiais no Velho Continente, várias marcas made in China começam em 2023 a esticarem os seus tentáculos pela Europa, sobretudo com eléctricos e com preços difíceis de competir: o Wey Coffee 01, por exemplo, para já apenas disponível no mercado alemão, promete ser um rival à altura de emblemas premium. E conseguiu a melhor pontuação do seu segmento nos testes Euro NCAP.

Mas o híbrido plug-in, com potência combinada de 476cv e uma bateria com capacidade para percorrer até 146 quilómetros sem recorrer ao combustível fóssil, comercializa-se no país germânico a partir de 55 mil euros.

A questão foi objecto de reflexão por parte de Carlos Tavares, à margem do CES, a feira de electrónica e tecnologia que decorre em Las Vegas, numa conversa com o site alemão Automobilwoche, durante a qual considerou que “haverá uma luta terrível”.

Para o CEO da Stellantis, conglomerado nascido da fusão da Fiat Chrysler Automobiles com a PSA, a chegada das marcas chinesas à Europa irá impor-se como um enorme desafio para os fabricantes europeus, considerando que terá de haver uma resposta política.

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