Foi mais difícil do que se podia esperar, mas a selecção portuguesa chegou neste sábado à sua primeira vitória no Mundial de andebol, ao triunfar sobre a Coreia do Sul por 32-24 (15-12 ao intervalo), em jogo da segunda jornada do Grupo D da fase preliminar realizado em Kristianstad, na Suécia. Com este triunfo, a selecção orientada por Paulo Pereira ficou muito próxima da qualificação para a fase seguinte num agrupamento que inclui ainda Islândia e Hungria. A selecção portuguesa volta a entrar em acção neste Mundial na próxima segunda-feira, frente aos húngaros.

Tida como o “petisco” num grupo com três selecções europeias, a formação asiática, muito bem orientada por Rolando Freitas (ex-seleccionador nacional), levou a discussão pelo resultado até aos últimos dez minutos. Mas Portugal, apesar de não ter feito dos seus melhores jogos, nunca cedeu o comando do resultado e acabou por ganhar com uma diferença de oito golos.

Era para ser um jogo sem grande história, para lá de ser um reencontro com o ex-seleccionador nacional - Freitas saiu em 2016, dando lugar a Paulo Pereira, que cumpriu o seu segundo jogo de castigo, sendo que, desta vez, nem sequer entrou no pavilhão. Só que os coreanos tiveram o mérito de nunca deixar Portugal fugir no marcador, sempre com paciência para fazer as coisas bem (sobretudo no ataque) e a conseguir aquilo que o seleccionador tinha indicado como uma das suas grandes forças: capacidade no “um contra um” e tendência para provocar exclusões.

Portugal não entrou mal no jogo, assente na capacidade goleadora de Alexandre Cavalcanti, nas acções de André Gomes e Kiko Costa, e nas defesas de Miguel Espinha (que começou na baliza). Chegou a ter uma vantagem de cinco golos (10-5) a meio da primeira parte, mas pareceu ter entrado demasiado cedo em modo gestão e permitiu uma aproximação dos sul-coreanos, que sabiam quais os momentos certos para acelerar e para serem mais pacientes.

Ao intervalo, a vantagem era curta (15-12) e não deixava Portugal seguro para os segundos 30 minutos. E foram os coreanos (com os seus volumosos guarda-redes a fecharem bem a sua baliza) a darem uma dose inesperada de competitividade ao jogo. Aproveitaram bem as ocasiões em que Portugal esteve em inferioridade numérica para se aproximarem – estiveram várias vezes a um golo e com possibilidade de empatar.

Mas a selecção portuguesa nunca deixou que os coreanos nivelassem o resultado e, nos últimos dez minutos, conseguiram engordar a diferença para oito golos, a mesma diferença com que os húngaros bateram os coreanos na primeira jornada (35-27). Manuel Gaspar regressou à baliza para ajudar a suster as últimas investidas dos asiáticos e, livres da pressão de resultado apertado, os jogadores portugueses tomaram quase sempre as melhores decisões para o primeiro triunfo neste Mundial, depois da entrada em falso com a Islândia.

André Gomes foi o melhor marcador do encontro, com sete golos, seguido de Leonel Fernandes (cinco) e Alexandre Cavalcanti (quatro). Do lado da Coreia do Sul, que participa no seu 14.º Mundial de andebol, Lee Hyeon-sik foi quem mais acertou na baliza, com quatro golos.

Este triunfo deixa Portugal com o apuramento praticamente garantido para a “main round”, mas isso não esvazia de significado o jogo com os húngaros na próxima segunda-feira. Os pontos conquistados nesta fase preliminar contra outras equipas qualificadas transitam para a fase seguinte e, partindo do princípio que a Coreia não se qualifica, o confronto com os húngaros é uma oportunidade de não ir a “zeros” para a fase seguinte.