Estado vai financiar integralmente obras da Fortaleza de Valença

Prejuízos estão avaliados em dois milhões de euros.

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Razão apontada para o derrube dos dois panos da muralha foi a acumulação excessiva de água ADRIANO MIRANDA

O Estado vai financiar integralmente as obras de recuperação da muralha da Fortaleza de Valença, afectada pelo mau tempo no dia 1 de Janeiro e cujos prejuízos estão avaliados em dois milhões de euros, comunicou esta sexta-feira o Ministério da Coesão Territorial.

O Governo aprovou na quinta-feira em Conselho de Ministros uma resolução que reconhece que as cheias e inundações provocadas pela precipitação intensa e persistente ocorrida em Dezembro de 2022 nas regiões Norte, Lisboa, Alentejo e Algarve, bem como em Janeiro deste ano no Alto Minho, constituem "situações excepcionais".

De acordo com o executivo, o mau tempo causou prejuízos de 293 milhões de euros e o volume dos apoios a conceder ascende a cerca de 185 milhões de euros.

Na sequência de esclarecimentos pedidos pela agência Lusa, fonte do Ministério da Coesão Territorial disse que a muralha, sendo património do Estado, será alvo de obras "integralmente financiadas pelo Estado", tendo o município estimado, até ao momento, cerca de dois milhões de euros para a sua recuperação.

Duas zonas da muralha sofreram derrocadas no dia 1 de Janeiro e outras partes daquela estrutura foram identificadas como estando em risco de derrocada, com diversas fissuras, já identificadas em Março de 2022.

Segundo a tutela, as obras deverão visar a "reparação, estabilização e consolidação" do monumento.

O presidente da Câmara de Valença, José Manuel Carpinteira, manifestou-se "muito satisfeito" com o anúncio do financiamento integral, pelo Estado e agradeceu a "prontidão" da resposta do Governo. A 2 de Janeiro, Carpinteira tinha já alertado para o facto de a autarquia não dispor de "capacidade financeira para recuperar a muralha. Isto é património nacional, que nós temos cuidado o melhor possível. Estamos a trabalhar na apresentação da candidatura a Património da Humanidade e não queremos correr o risco de ficar fora".

Monumento classificado como Património Nacional desde 1928, a Fortaleza está sob a tutela do Ministério das Finanças.

A fortaleza do século XVII, ex-líbris da cidade de Valença, é anualmente visitada por mais de dois milhões de pessoas. O monumento nacional assume particular importância pela dimensão, com uma extensão de muralha de 5,5 quilómetros, e pela história, tendo sido, ao longo dos seus cerca de 700 anos, a terceira mais importante de Portugal.