Rússia vai lançar outra nave para trazer de volta os astronautas da estação espacial

Um fuga no líquido de refrigeração na nave de serviço não permite regresso dos astronautas a terra. O novo veículo que os vai buscar deverá ser lançado no final de Fevereiro.

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A nave de serviço Soiuz MS-22 chegou à Estação Espacial Internacional em Outubro de 2022 NASA

A agência espacial russa (Roscosmos) afirmou esta quarta-feira que será lançada uma nova nave de serviço Soiuz a 20 de Fevereiro, para trazer três astronautas da Estação Espacial Internacional, depois de a nave que lá estava ter tido um furo no sistema de refrigeração.

A fuga de líquido de refrigeração surgiu de uma pequena perfuração – com apenas 0,8 milímetros de largura – na nave de serviço Soiuz, que está acoplada à Estação Espacial Internacional (ISS) que se destinam a trazer astronautas de volta à Terra. A fuga decorreu a 14 de Dezembro, quando estava previsto um passeio espacial de dois astronautas russos e, numa transmissão em directo, foram vistas partículas brancas a sair do veículo.

A tripulação que estava prevista regressar à Terra na Soiuz MS-22 (dois astronautas russos e um norte-americano) regressarão agora na Soiuz MS-23 – que estava prevista para a tripulação que chegou em Setembro à ISS, precisamente na nave agora danificada.

Essa nave, a Soiuz MS-22, regressará agora vazia à Terra. “Depois de analisar a condição da nave de serviço, realizar os cálculos térmicos e ver a documentação técnica, concluímos que a MS-22 deve aterrar sem tripulação a bordo", disse Iuri Borisov, director da Roscosmos, citado pela agência Reuters.

Se neste mês e meio que falta até ao lançamento da nave da Soiuz MS-23 houver uma emergência extrema, o veículo danificado ainda poderá vir a ser utilizado – já que é a nave de emergência designada.

“A expedição de Sergei Prokopiev, Dmitri Petelin e Francisco Rubio na ISS será prolongada e regressarão à Terra na Soiuz MS-23”, acrescentou Borisov. O lançamento desta nave estava planeado apenas para meados de Março, mas esta situação adiantou os preparativos para a descolagem do foguetão que levará esta nave Soiuz desde o cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.

Ainda não há nenhuma decisão tomada sobre quando regressarão estes três astronautas – se apenas em Setembro, quando há a troca de tripulação prevista, ou se ainda antes disso. O regresso estava agendado para Março deste ano, mas o calendário deverá ser redefinido em virtude deste problema, como referiram os responsáveis da NASA e da Roscosmos numa conferência de imprensa conjunta, realizada esta quarta-feira.

Fuga causada por pequenos meteoritos

O incidente interrompeu as actividades da Rússia na ISS, forçando os seus astronautas a cancelar passeios no espaço, enquanto se procurava resolver o problema na nave de serviço danificada. Não é a primeira vez que estes embates causam fendas milimétricas: ainda em 2018, os astronautas repararam uma cápsula russa com um dano semelhante (mas noutra zona).

De acordo com declarações de Joel Montalbano, director da NASA para o programa da ISS, na conferência de imprensa conjunta com a Roscosmos, “tudo indica que os responsáveis [pela fuga] sejam destroços de micrometeoritos”.

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As partículas brancas (líquido de refrigeração) resultam de um furo com menos de um milímetro DR

As cápsulas Soiuz são bastante resistentes, para ultrapassarem diversos tipos de erros ou falhas que podem acontecer nestas missões. Apesar de no final de Dezembro ainda se ter especulado se a MS-22 conseguiria trazer os astronautas de volta para Terra, as análises mostraram que a temperatura no interior do veículo poderia superar os 40 graus Celsius durante o regresso, o que em conjunto com condições de humidade extremas poderia colocar a saúde dos astronautas em causa, justificou Sergei Krikalev, da Roscosmos, na conferência de imprensa desta quarta-feira.

A fuga é também um problema para a NASA. A agência espacial norte-americana afirmou em Dezembro último que estava a explorar a opção de a nave Crew Dragon, da Space X, poder dar uma “boleia” alternativa aos membros da tripulação da ISS, caso a Rússia não conseguisse lançar uma nova Soiuz num período de tempo aceitável. Joel Montalbano adiantou que as conversações com a SpaceX continuam, para o caso de existir uma situação de emergência.