Preços dos combustíveis ajudaram inflação a descer em Dezembro
INE confirma descida da taxa de variação homóloga no último mês de 2022, com a inflação média na totalidade do ano a registar ainda assim o valor mais altos dos últimos 30 anos.
Foi com o contributo decisivo da diminuição em quase 10% dos preços dos combustíveis que a taxa de inflação homóloga em Portugal registou em Dezembro o segundo recuo mensal consecutivo. Ainda assim, confirmou nesta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE), tal não evitou que 2022 tivesse a variação de preços mais alta dos últimos 30 anos.
Nos dados definitivos agora publicados sobre a evolução dos preços em Dezembro, o INE confirmou a informação que tinha divulgado, sob a forma de uma estimativa rápida, nos últimos dias do ano passado: os preços caíram 0,3% em Dezembro, fazendo a taxa de inflação homóloga passar de 9,9% em Novembro para 9,6%.
Foi o segundo recuo consecutivo deste indicador, que tinha atingido um máximo de 10,1% em Outubro. Ainda assim, a taxa de inflação média durante a totalidade de 2022 cifrou-se no valor mais alto desde 1992, nos 7,6%.
Os dados mais detalhados (e definitivos) publicados nesta quarta-feira dão mais informação sobre as razões por trás deste recuo. E torna-se evidente que o grande contributo para a descida da inflação veio dos preços dos combustíveis usados para transporte pessoal.
O preço praticado nestes bens — que têm um peso relativamente grande no cabaz de consumo usado pelo INE para calcular a inflação — registou em Dezembro uma descida de 9,4% face a Novembro, estima a autoridade estatística, tendo a variação face ao período homólogo passado de 10,7% para 2,9%.
Na primeira metade do ano, os combustíveis foram responsáveis por uma parte importante da escalada da inflação registada em Portugal e na generalidade dos países europeus.
A descida dos preços dos combustíveis ajudou a que, no total dos bens energéticos (que inclui a electricidade e o gás, por exemplo), a variação mensal dos preços fosse em Dezembro também negativa, em 4,3%. Neste caso, a variação homóloga dos preços passou de 27,7% para 20,8%.
Os bens onde o recuo das pressões inflacionistas ainda é muito pouco evidente são os alimentares. Os preços dos bens alimentares não transformados aumentaram 0,6% em Dezembro (o mesmo ritmo registado em Novembro) e a variação homóloga registou apenas um ligeiro recuo, de 18,4% para 17,6%.
Nos outros tipos de bens, onde a subida da inflação foi feita de forma mais lenta, nota-se agora uma persistência preocupante. A taxa de inflação homóloga excluindo os bens alimentares e energéticos voltou a subir, de 7,2% para 7,3%, atingindo o valor mais alto desde Dezembro de 1993.