Recuo da inflação em Dezembro não evita máximo de 30 anos em 2022

Taxa de inflação registou, pelo segundo mês consecutivo, um ligeiro recuo em Dezembro. No total do ano, a variação média dos preços ascendeu a 7,8%, o valor mais alto desde 1992.

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Os preços dos bens energéticos estão a começar a recuar dos máximos atingidos ao longo do ano de 2022 LUSA/LUÍS FORRA

Com o contributo decisivo da descida dos preços da energia, a taxa de inflação em Portugal voltou, pelo segundo mês consecutivo, a registar um ligeiro recuo em Dezembro. No total do ano, a inflação média cifrou-se em 7,8%, o valor mais alto atingido no país nos últimos 30 anos.

De acordo com a estimativa rápida do índice de preços no consumidor de Dezembro publicada esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, os preços dos bens e serviços em Portugal diminuíram 0,29% face ao valor de Novembro, conduzindo a um recuo da taxa de inflação homóloga (a variação dos preços face ao mesmo mês do ano passado) dos 9,94% registados em Novembro para 9,6%.

Já em Novembro se tinha verificado em Portugal uma ligeira diminuição da taxa de inflação homóloga, de 10,14% para 9,94%. A variação mensal negativa dos preços registada em Dezembro é a primeira que se verifica em Portugal desde Agosto.

Parece deste modo confirmar-se que, depois de na quase totalidade de 2022 se ter assistido a uma escalada muito acentuada da inflação – com a variação homóloga dos preços a passar de 2,74% em Dezembro de 2021 para 10,14% no passado mês de Outubro – se poderá estar agora perante o início de uma tendência de recuo da inflação.

Para este recuo contribui, por um lado, um efeito base mais favorável, já que a taxa de inflação homóloga está a começar a ser calculada usando como termo de comparação os preços registados há um ano num período em que já se sentia uma subida forte dos preços.

Para além disso, tem sido evidente nos últimos meses, uma tendência de descida dos preços dos bens energéticos, que estão a começar a recuar dos máximos atingidos ao longo do ano de 2022.

De acordo com o INE, os preços dos bens energéticos, depois de terem diminuído 1,51% em Novembro, caíram em Dezembro mais 4,22%. Isto fez com que a variação destes preços face ao mesmo mês do ano passado tivesse passado de 24,72% para 20,88%.

No caso dos bens alimentares – a outra grande fonte de inflação na Europa no decorrer deste ano – os preços continuaram a agravar-se em Dezembro, subindo mais 0,56% face a Novembro. Ainda assim, em relação ao mesmo mês do ano passado, a variação reduziu-se ligeiramente de 18,39% para 17,56%.

A comprovar a importância do contributo dos bens energéticos para o ligeiro recuo agora registado na inflação está o facto de a variação homóloga dos preços excluindo os bens alimentares não transformados e os bens energéticos ter em Dezembro voltado a subir, de 7,23% para 7,31%.

Feitas as contas para o total do ano, a inflação média de 2022 ficou, como já era esperado, na casa dos 7,8%, mais exactamente 7,83%, mostram os números avançados pelo INE esta sexta-feira. É necessário recuar três décadas, até 1992, para encontrar um valor mais elevado nas séries publicadas pela autoridade estatística nacional.

A taxa de inflação média harmonizada (aquela que é comparável com a publicada pelo Eurostat para o total da UE e para cada um dos seus Estados membros) ficou em Portugal nos 8,1% durante este ano.

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