Moção de censura da IL é “para marcar calendário”, acusa Paulo Raimundo

O líder do PCP classifica a moção de censura da Iniciativa Liberal ao executivo de “manobra” e acusa o partido de estar alinhado com a política do Governo.

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Paulo Raimundo esteve esta quinta-feira numa audiência com Marcelo Rebelo de Sousa LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, foi esta quarta-feira recebido pelo Presidente da República no Palácio de Belém. Em declarações aos jornalistas, o líder do partido criticou a moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal (IL) por considerar que os liberais estão alinhados com a política do executivo e acusou o partido de João Cotrim de Figueiredo de querer apenas "marcar calendário" com esta iniciativa.

Questionado pelos jornalistas sobre a razão pela qual o PCP vai votar contra a moção de censura da IL, ao lado do PS, que será discutida nesta quinta-feira no Parlamento, Paulo Raimundo considerou que esta moção é "um bocadinho para entreter e despropositada", uma vez que "o que a IL faz é censurar tudo menos a política do Governo".

A Iniciativa Liberal "está de acordo com o rumo de privatização da TAP", "assobia para o ar quando o Governo entregou 140 milhões de euros de mão beijada às concessionárias das auto-estradas" e "não disse nada aquando da transferência 3 mil milhões de euros para as empresas de energia", defendeu, questionando, depois: "O que sobra para censurar?"

Para o secretário-geral do PCP, que acusa os liberais de quererem apenas "marcar calendário", a questão não é "de fundo", nem a IL "tem esse objectivo". "São manobras que compreendemos, mas que não acompanhamos", afirmou. Paulo Raimundo quis deixar claro, contudo, que isso "não significa" que o PCP acompanhe "qualquer opção política do PS neste momento". "Isso é uma evidência", garantiu.

Respondendo às questões dos jornalistas sobre a fragilidade do executivo, o comunista reiterou que este é um Governo que se não tivesse feito "chantagem para obrigar a eleições antecipadas, se calhar hoje estaria em melhores condições de dar respostas às pessoas". Agora, "continua a não dar respostas e a aumentar as consequências dessa sua opção política", atirou.

Já sobre o caso TAP, o secretário-geral do PCP defendeu que a situação actual da gestão das empresas "não pode ser afunilada no problema da TAP". "Há um problema de gestão das empresas privadas e públicas, dos critérios de gestão dessas empresas que devem ser considerados de forma mais ampla", defendeu.

E acrescentou que se coloca ainda uma "agravante" a este cenário: o facto de todas as decisões que dizem respeito à TAP serem tomadas para "acelerar o caminho de privatização" desta companhia, uma posição com a qual o PCP está "profundamente em desacordo", assegurou.

Esta foi a primeira audiência de Paulo Raimundo com Marcelo Rebelo de Sousa. Estiveram também presentes a líder da bancada do PCP, Paula Santos, João Ferreira, vereador de Lisboa e ex-eurodeputado do PCP, e Margarida Botelho, do Secretariado Nacional do partido.

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