Cerca de 500 pessoas inscreveram-se no plano de saúde para seniores de Lisboa
Há 175 farmácias na capital onde os cidadãos se podem inscrever para aceder ao plano de saúde gratuito do município para maiores de 65 anos. Teleconsultas ficam disponíveis a 16 de Janeiro.
Elizabeth Nunes já tinha lido "qualquer coisa" sobre o assunto, mas aproveitou a ida à farmácia habitual para fazer o seu registo no plano de saúde para maiores de 65 anos, que o município aprovou no final do ano passado. O processo é simples: os farmacêuticos explicam os serviços que este plano inclui, como teleconsultas gratuitas de medicina geral e familiar, que prometem estar disponíveis 24 horas por dia, 365 dias por ano. "Como está tão difícil ir ao hospital... Em Agosto, estive sete horas à espera. Acho muito bem [que se avance com o plano]", diz a mulher de 70 anos, que é doente oncológica.
Depois de explicados os serviços, de confirmada a residência em Lisboa e verificados os dados do cartão de cidadão por um farmacêutico, Elizabeth assina um documento de consentimento e fica inscrita no programa.
As teleconsultas estarão disponíveis a partir de 16 de Janeiro, diz o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, que nesta quarta-feira quis ver in loco como funciona o processo de inscrição no plano de saúde Lisboa 65+, que considera uma das suas promessas eleitorais.
Desde que as inscrições abriram, há duas semanas, registaram-se no programa cerca de 500 pessoas, avança o autarca. Um número ainda curto, se pensarmos no universo de 128 mil residentes de Lisboa que têm mais de 65 anos, a quem o plano se dirige.
"Esta medida não substitui o médico de família", diz Carlos Moedas, que tem referido que a vê mais como um "complemento" ao Serviço Nacional de Saúde. "O Estado social nacional está fraco", atira o autarca, lembrando os 1,5 milhões de pessoas que, no país, não têm médico de família.
A Farmácia São Tomé, entre as freguesias do Lumiar e de Santa Clara, é para já a recordista de adesões, com cerca de 100. É lá que Elizabeth faz o seu registo, assim como Maria Vitória Godinho, de 82 anos, que acredita ser "um bom complemento" aos serviços que são prestados pelo Serviço Nacional de Saúde. "Nós já somos velhos e precisamos de amparo", diz Maria Vitória.
As farmácias, à semelhança do que aconteceu com a testagem à covid-19, são aqui um importante "braço" do programa, uma vez que é nelas que é feito o registo no Lisboa 65+. Das 250 que existem em Lisboa, é possível fazer o registo em 175. Este pode também ser feito no site do programa.
Por ali, os farmacêuticos têm sido proactivos na explicação do plano. Quem se regista recebe um porta-chaves e um íman, com o contacto telefónico para o qual pode ligar para aceder à teleconsulta
Estas consultas por telefone poderão servir para despistar sintomas mais simples ou, se o médico assim o considerar, poderá implicar uma consulta presencial ao domicílio ou mesmo encaminhamento médico em ambulância, ao qual os utentes terão também acesso de forma gratuita.
Além de um protocolo com a Associação Nacional de Farmácias, o município firmou também outros com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), com a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com a Segurança Social e com os Serviços Sociais da Câmara de Lisboa com vista à operacionalização desta resposta.
As consultas serão asseguradas por uma empresa privada, que não foi ainda revelada. "A única coisa que me foi transmitida [pelos serviços da câmara] é que é das grandes empresas do mercado neste sector", disse Moedas.
O plano de saúde será mais completo para os cinco mil idosos que em Lisboa são beneficiários do Complemento Solidário para Idosos (um apoio, pago todos os meses em dinheiro aos idosos com baixos recursos), uma vez que possibilitará o acesso a mais serviços, como consultas de optometria e de higiene oral, a compra de óculos e a colocação de próteses dentárias amovíveis de forma gratuita.