Jack Walters, um ilustrador britânico, nasceu no final dos anos 90 e por aí ficou. Apesar de, para muitos, a mudança de século e de milénio ser motivo de celebração, para este jovem de 24 anos nada supera os acontecimentos da década de 90, entre os quais o êxito Baby One More Time que Britney Spears lançou em 1998 e quando Geri Halliwell resolveu deixar as Spice Girls.
Nesta década, as pessoas tinham telefone fixo em casa, os telemóveis eram de teclas – e os modelos mais modernos até tinham uma tampa para proteger o teclado –, e no móvel da televisão não podia faltar um leitor de cassetes.
Hoje, são poucos os que têm estes objectos em casa, à excepção de Jack, que os utiliza diariamente. E se precisar de algum, compra online ou em vendas de garagem.
Foi assim que conseguiu um computador iMac azul, da Apple, por apenas 56 euros no eBay e que, para grande surpresa, ainda funciona. O carro, por outro lado, teve de ser substituído por um “novo” e, por isso, escolheu outra relíquia: um Ford Mondeo.
O interesse pela década de 90 começou durante a adolescência, altura em que foi diagnosticado com síndrome de Asperger e se assumiu homossexual. Conta que durante anos foi apelidado de "diferente", mas acabou por conhecer pessoas com os mesmos gostos que o entenderam e começou a divertir-se mais sempre que vestia as suas Levi's 501 e camisas estampadas.
Além de ser um estilo de vida, os anos 90 também servem de inspiração para o trabalho deste ilustrador e até a oficina onde trabalha e recebe clientes parou no tempo. No entanto, este ilustrador também gosta de ser actual, razão pela qual usa Internet e tem redes sociais. Em 2020, criou o canal no TikTok the_sad_rad_dad, onde mostra como é viver assim e apresenta a decoração da casa na localidade de Tideswell, no Reino Unido, que partilha com o namorado Matthew.
“As pessoas enviam-me mensagens a dizer que isso as lembra das casas e familiares que amavam; outros ofereceram-se para me enviar recordações”, explicou, no ano passado, ao The Guardian.
Na sala de estar, o chão está forrado a alcatifa cor de laranja e as paredes estão pintadas num tom salmão. A televisão é daquelas sem comando e o telefone fixo tem uma antena, mas há mais: os gostos musicais são artistas dos anos 90 como The Human Leage e The Lion’s War.
Num dos vídeos, o jovem fala pela obsessão com os papéis de parede floridos e painéis de madeira e dos edredons geométricos que marcaram os anos 90. No entanto, é na decoração da cozinha, uma espécie de réplica da que a avó tinha, que as tendências mais se destacam: os móveis e os electrodomésticos são verdes e amarelos, há canecas às flores penduradas nas paredes e revistas antigas em cima da mesa.
Como não podia deixar de ser, o vestuário de Jack também está de acordo com a temática e algumas das peças são as que usava enquanto adolescente. Apesar de estarmos em 2023, para este ilustrador viver nos anos 90 não é nada de outro mundo e acrescenta que só faz tudo isto porque o faz feliz.