Presidente da Conferência Episcopal recorda Papa que “vai ficar sempre na história da Igreja”

José Ornelas disse que a “visão realista” de Ratzinger quando renunciou será “um legado para a história da Igreja”.

Foto
José Ornelas recordou a visita de Bento XVI a Portugal em Maio de 2010 LUSA/PAULO CUNHA

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, considerou que o Papa emérito Bento XVI, que morreu este sábado aos 95 anos, "vai ficar sempre na história da Igreja", em particular pela renúncia ao pontificado.

"Bento XVI fica na história da Igreja, nomeadamente pelo grande passo quando assumiu que já não estava em condições de governar a Igreja", considerou José Ornelas, conforme escreve a agência Ecclesia.

O Papa emérito Bento XVI morreu aos 95 anos, anunciou o Vaticano. Joseph Ratzinger nasceu em 1927 e foi Papa entre 2005 e 2013, quando abdicou e passou a ser emérito da diocese de Roma. Bento XVI abdicou do pontificado aos 85 anos de idade.

Para José Ornelas essa decisão resultou de uma "visão realista", que veio de um papa com "solidez teológica". "A sua interpretação deste passo fica, sem dúvida, como um legado para a história da Igreja", acrescentou o presidente a CEP.

Ornelas recorda um Papa que fez "uma transição muito importante", da reflexão teórica, a partir da sua "solidez teológica", para uma "visão pastoral".

Segundo o presidente da CEP, Bento XVI, que sucedeu a São João Paulo II, procurou novas linguagens de "compreensão e comunicação da Igreja, na sua diversidade, e que deu passos no diálogo ecuménico".

"É um homem que, na sua biografia, conta com uma posição fundamental, sobretudo nos campos da racionalidade, da relação entre razão e fé. É um Papa que me habituei a ler como indicador da teologia do Vaticano II, na sua seriedade e fundamentação, no horizonte da fé para o homem moderno", observou o presidente da CEP.

O também bispo da Diocese de Leiria-Fátima recordou, ainda, a ligação de Bento XVI à Cova da Iria, que visitou em Maio de 2010, e, em particular, à interpretação do chamado Segredo de Fátima, cuja terceira parte foi divulgada em 2000, com um comentário teológico do então cardeal Joseph Ratzinger.

Para José Ornelas, Bento XVI promoveu uma "reinterpretação actualizada da Mensagem de Fátima, na linha do que o Santuário nacional fez ao longo de decénios, favorecendo o diálogo entre a tradição e o mundo contemporâneo", lê-se na publicação da Ecclesia.

A mesma publicação termina com uma frase proferida por Bento XVI, em 13 de Maio de 2010, na homilia da missa a que presidiu na Cova da Iria, em Fátima: "Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída".

Sugerir correcção
Ler 1 comentários